O que é a Cúpula do Clima 2021?
Antes de ir aos filmes de catástrofe, vamos contextualizar rapidamente. A Cúpula de Líderes sobre o Clima é uma das promessas de campanha do presidente americano, Joe Biden, justamente para discutir planos de ação contra as recentes mudanças climáticas, já consideradas em estado de crise por todo o planeta. Para o evento, foram chamados líderes tanto de países com grandes economias (e que, consequentemente, emitem muito carbono na atmosfera) quanto de países mais afetados por crises climáticas — assim como países pioneiros em medidas de preservação ambiental. O evento também é um prelúdio para a COP26, a Conferência do Clima da ONU que ocorrerá em novembro, em Glasgow (Escócia) e uma oportunidade de revisitar o Acordo de Paris. Agora, vamos à lista: que dividimos em três categorias…
Filmes de catástrofe ambiental causada pelo homem
Como o nome diz, esta categoria diz respeito aos filmes sobre catástrofes climáticas que foram causadas pela ação direta ou indireta do homem, como emissão de carbono exacerbada, poluição, descarte impróprio de lixo, exploração desenfreada ou descuidada, entre outros.
O Dia Depois de Amanhã (2014)
Um clássico dos filmes de catástrofe, essa produção dirigida por Roland Emmerich trata dos efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas extremas, como o resfriamento desmedido de certas partes do planeta e o derretimento das calotas polares. Com uma fotografia incrível, que mostra tempestades, tsunamis e tornados, o filme é um deleite visual, apesar dos exageros: é claro que, por mais sérias que as mudanças climáticas sejam, elas não acontecem tão rapidamente. Mesmo com uma ciência um pouco fora de escala, os alertas levantados pelo filme são interessantes se analisados devidamente.
Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016)
Num tema pouco visto no cinema, este filme de Peter Berg trata do acidente real ocorrido na plataforma de petróleo Deepwater Horizon (horizonte de águas profundas, em tradução livre) no Golfo do México, Estados Unidos. O filme retrata as etapas do acidente, que começou com uma falha no reforço de concreto da torre de perfuração, seguido de uma grande explosão e do afundamento da plataforma, e também lida com a luta dos funcionários da plataforma para tentar escapar com vida. É uma obra importante para entendermos o que a irresponsabilidade e descuido na exploração dos recursos naturais pode causar – o acidente resultou no pior vazamento marinho de petróleo do mundo e no pior desastre ambiental que os Estados Unidos já viu, afetando centenas de espécies marinhas.
Tempestade: Planeta em Fúria (2017)
Voltando para produções mais ficcionais, neste filme de Dean Devlin vemos uma trama curiosa e inovadora: para lidar com as arrasadoras mudanças climáticas causadas pelo homem, é construída uma rede de satélites capaz de mudar o clima da terra ao nosso bel-prazer. Como não poderia deixar de ser, o sistema acaba tendo problemas e passa a ameaçar a vida na terra com aumentos e diminuições de temperatura muito extremos, e resta aos heróis do filme resolver esse pepino. Apesar do desenvolvimento um pouco confuso, o filme traz uma reflexão interessante: será que é uma boa ideia interferir no clima do planeta de forma tão artificial?
O Céu da Meia-Noite (2020)
O filme mais recente dessa lista, esse longa dirigido e protagonizado por George Clooney traz um planeta devastado pela guerra nuclear, no ano de 2049, onde a maior parte da população já morreu e a atmosfera está repleta de radiação ionizante. Uma expedição interplanetária em busca de locais habitáveis aos seres humanos está retornando para a terra após uma missão longa e bem-sucedida, enquanto o cientista Augustine Lofthouse, interpretado por Clooney, tenta avisar aos tripulantes que eles não devem voltar – já que a Terra está comprometida e há lugares melhores para ficar, como uma das luas de Júpiter. Apesar de não dedicar muito tempo à catástrofe que gerou o cataclismo climático em si, o filme deixa claro o aviso: mexer com energia nuclear num contexto bélico têm consequências nada menos do que catastróficas para nós.
WALL·E (2008)
Provavelmente o filme mais fofo e inesperado dessa lista, a produção do diretor Andrew Stanton parte da premissa de que os seres humanos, em seu consumismo exacerbado, encheram o planeta Terra de lixo – o deixando inabitável. Resta ao protagonista dessa produção, o robozinho WALL·E, limpar o planeta para que um dia, talvez, possamos voltar a morar nele. Sem dar spoilers, podemos dizer que o filme emociona e nos deixa pensando sobre nossas atitudes consumistas e a responsabilidade que temos para com o meio-ambiente – já que a realidade desse longa não nos parece tão distante assim.
Filmes de monstros gerados pela ação humana
Sim, caro leitor, dá para fazer uma categoria só com esse tipo de filme! Apesar de serem mais fantasiosos, os filmes que trazem manifestações físicas dos impactos negativos do ser humano na natureza também servem de alerta e não deixam de nos fazer pensar sobre nossa responsabilidade ambiental. Embora todos saibamos que nosso lixo não irá virar um monstro, ainda devemos ter medo das consequências de não descartá-lo direito – e refletir sobre o tema. Sem mais delongas, vamos às analogias que esses filmes trazem.
Mutação (1997)
Este interessante filme dirigido por Guillermo del Toro (e que ganhará uma série derivada, anunciada no ano passado) começa com uma epidemia que atinge crianças e é causada por baratas. Sem conseguir lutar contra os insetos com produtos químicos, cientistas resolvem modificar os bichos geneticamente. No início, tudo parecia correr bem – logo, no entanto, algumas baratas conseguem não só superar a mutação genética, que deveria ser fatal, mas também se aproveitam dela para aterrorizar os seres humanos de uma forma inusitada e assustadora. Apesar de ser um longa mais ficcional, a discussão trazida por ele é válida e presente em nossa realidade: até que ponto podemos modificar a natureza geneticamente antes que isso se volte contra nós?
O Hospedeiro (2006)
Esta obra do mesmo diretor de Parasita (que é de 2019, mas que ganhou o Oscar de melhor filme em 2020 e também o de melhor filme estrangeiro, num recorde histórico), Bong Joon-Ho, inicia-se com o descarte indevido de quantidades enormes de formaldeído em um rio na Coreia do Sul, o que, ao longo dos anos, acaba dando origem a uma criatura anfíbia extremamente perigosa. O filme em si é uma mistura de gêneros que deixa qualquer um na ponta da cadeira, mas sua premissa não deixa dúvidas – em última instância, ele é sobre os perigos do descarte indevido de lixo químico e poluição, ainda que mostre isso de forma escalafobética.
Shin Gojira (2016)
Sim, é isso mesmo: Shin Gojira, ou Godzilla Resurgence, dos diretores Hideaki Anno e Shinji Higuchi, traz o mais famoso monstro japonês para essa lista. Quem viu o lagartão nas recentes produções estadunidenses talvez não saiba que a origem dele se baseia no descarte completamente indevido de lixo nuclear no mar, próximo a Tóquio, e é justamente isso que esse filme traz de volta. Godzilla é uma resposta da natureza às ações poluentes do ser humano, uma criatura que, em sua dor cega, acaba atacando o Japão – e, aos humanos, resta se juntar num esforço para retaliar e impedir que eventos como esse ocorram novamente. Vale lembrar que o filme clássico, revivido por esse remake de 2016, mostra como os japoneses temem os efeitos da radiação, e com muita razão – já que passaram por poucas e boas com os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial. Esse longa é um bom lembrete a todos nós, também, dos perigos nucleares, na metáfora do gigantesco monstro.
Filmes de epidemia
Na nossa categoria final de filmes de catástrofe, trazemos algo com o qual todos nós sentimos uma infeliz familiaridade: longas onde o perigo que está à espreita é o avanço de uma doença contagiosa. Como veremos logo, logo, o verdadeiro vilão – sem spoilers – são as ações humanas. Apesar de termos várias produções de terror nas categorias anteriores, certamente os filmes sobre desastres naturais mais aterrorizantes são os dessa última categoria.
Epidemia (1995)
O filme, dirigido pelo alemão Wolfgang Petersen, mostra o espalhamento de um vírus do tipo ebola causado por ações humanas. Um acampamento na África repleto de infectados é bombardeado, mas um pequeno macaco capuchinho sobrevive e infecta diversos seres humanos quando tentam vendê-lo no mercado negro. Baseado em um livro e, infelizmente, com muitos paralelos na realidade, o longa é um aterrorizante lembrete de que somos capazes de coisas terríveis e de como somos frágeis perante as mais diminutas forças da natureza.
Contágio (2011)
Assustadoramente próximo da nossa realidade, o filme de Steven Soderbergh começa com a disseminação de um vírus desconhecido, que logo começa a fazer vítimas e despertar a preocupação e a atenção de cientistas e governos. Com uma pegada ultrarrealista, esse longa conta com personagens que vão de pessoas comunas a epidemiologistas, cientistas e médicos, e – pasmem – teóricos da conspiração! Sim, também tem fake news nessa obra. Elogiado pelo realismo, o filme voltou a ganhar atenção no ano passado (por razões bem óbvias) e uma continuação foi prometida. Assista por sua conta e risco – há gatilhos de sobra para quem ainda está em quarentena. Pra concluir, há filmes sobre desastres naturais à vontade para entendermos melhor o impacto que ações inescrupulosas para com a natureza podem causar, e garantimos que diversidade nessa lista não faltou. Agora você poderá assistir à Cúpula do Clima 2021 muitíssimo bem informado, caro leitor, e fica a dica, caso os filmes não tenham bastado – recicle seu lixo, por favor. Fonte: CNN