Para contextualizar, em 2020 está planejado a inclusão do 5G no mercado brasileiro, cabendo às operadoras apresentarem suas propostas. Ao que tudo indica, representantes de Donald Trump andam se reunindo com as autoridades brasileiras para levantar preocupações quanto a segurança dos equipamentos da fabricante chinesa, alegando que estas são mais suscetíveis a ataques. Em contrapartida, o presidente-executivo da Huawei no Brasil, Yao Wei, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro na última segunda-feira, dia 18 de novembro. Ele alega que a empresa atua há mais de vinte anos no país fornecendo diversos tipos de equipamentos, e que presta treinamento adequado aos engenheiros das operadoras.
“5G da Huawei cria um risco inaceitável”, diz americanos
O governo dos EUA enviou especialistas para apresentar o CFIUS (Comitê de Investimento Estrangeiro, em inglês), sendo este órgão presidido pelo Departamento de Tesouro que tem o poder de revisar investimentos estrangeiros que ameacem a segurança do país. A ideia é que o Brasil invista em um órgão semelhante. Fontes ligadas a Folha de São Paulo e que acompanharam as reuniões disseram que os americanos não expõem publicamente que a ação é destinada a impedir o avanço do Huawei no 5G, mas as pessoas que acompanham o tema consideram que o alvo é, de fato, a empresa chinesa. O governo dos EUA têm ressaltado que as áreas de segurança e defesa precisam levar a confiabilidade das redes de telecomunicações. O discurso revela uma pressão em cima do governo Bolsonaro considerando também que o Brasil recebeu, em agosto, uma designação de aliado preferencial da Organização do Tratado do Atlântico Norte, dando ao nosso país acesso privilegiado à cooperação militar e à transferência de tecnologia. No entanto, a embaixada dos Estados Unidos afirmou a Folha que a visita para apresentar o CFIUS não teve qualquer relação com o 5G no Brasil e, portanto, o assunto não foi discutido. Por outro lado, o governo americano enviou uma nota à Folha dizendo que a entrada dos chineses traz “implicações de segurança”
“Impedimento da inclusão do 5G é uma ‘ofensa grave demais’ “, diz chineses
Segundo a Folha, a ideia é que os Estados Unidos trabalhem para que o leilão do 5G seja adiado e, desse modo, as empresas norte-americanas poderiam ganhar tempo o suficiente para alcançar o mesmo padrão de tecnologia do seu concorrente asiático. Isso porque a Huawei “incomoda” os concorrentes por ter desenvolvido equipamentos eficientes, menores, e que operam a um preço mais competitivo utilizando todos os tipos de tecnologia “G”. Pelo lado da China, o dirigente Xi Jinping, teve um encontro com Bolsonaro na semana passada sinalizando a entrada de US$ 100 bilhões de fundos estatais para projetos no país. Só que para isso, é necessária a adoção de um posicionamento pragmático e que abandone a retórico anti-China que faz parte da ideologia do governo. Além disso, a China consideraria o impedimento da inclusão do 5G no Brasil uma “ofensa grave demais” para trazer novos investimentos ao país.
Posição de Bolsonaro
Já Bolsonaro comenta não houve uma proposta formal, sendo que os chineses apenas apresentaram o 5G, e que levará em conta a melhor oferta. Além disso, o presidente também diz que há uma empresa “sul-coreana” que também tem interesse em operar a tecnologia no país, provavelmente se referindo a Samsung. Vale dizer que nos EUA, Donald Trump tentou barrar a empresa chinesa, mas teve que ceder após a pressão das empresas. Já na Alemanha também houve a suspeita de que a Huawei fazia espionagem através do backdoor (porta dos fundos) que permitiria acesso completo aos dados da rede, mas uma investigação do próprio governo alemão concluiu que o 5G da Huawei é, de fato, seguro. Leia também: Qualcomm na Future 2019: As vantagens e desafios do 5G no Brasil.