No meio das discussões, a Anvisa também liberou seu histórico de pedidos, no qual consta que o Instituto Butantan não enviou “documentos básicos” — terminologia do próprio órgão — para a aprovação do soro responsável por combater a COVID-19. Antes tarde do que nunca, a realização de testes nos primeiros humanos com o soro anti-Covid foi aprovada, mediante envio de “documentos complementares” por parte do Butantan. De acordo com a nota oficial da Anvisa: A autorização chega em boa hora, dado que os casos de COVID-19 no país estão em alta e as mortes diárias atingem patamares preocupantes. Considerando a falta de gerenciamento em todas as esferas governamentais, resta torcer para que a ciência e a pesquisa brasileira superem essas adversidades e consigam combater o vírus da melhor maneira possível, mesmo que precisem enfrentar o negacionismo e a inaptidão de certos setores da sociedade. Esta será a primeira vez que o soro do Butantan será testado em pessoas, o que exigiu da Agência uma avaliação criteriosa dos aspectos técnicos e de segurança do produto. Até o momento, o soro foi testado somente em animais.
Tudo que você precisa saber sobre o soro anti-Covid do Butantan
A estimativa é que o soro anti-Covid seja aplicado nos primeiros pacientes humanos já nesta semana ou, no máximo, na próxima. Mas as perguntas que ficam para muitos são:
Como ele funciona? De onde ele veio? Ele é eficaz?
Em primeiro lugar, é importante explicar o que é um soro e em que medida ele se diferencia de uma vacina. Para tal, o Showmetech pediu a opinião do especialista Ian Soares Ribeiro, analista laboratorial em Microbiologia na Fleury Medicina e Saúde, em Brasília. Isso significa, na prática, que, se você for picado por uma cobra, será necessário tomar o soro novamente, considerando que ele funciona como um remédio instantâneo. O Ian também explicou a diferença também sobre o processo da vacina:
O que é e como ele funciona?
É importante citar que os estudos clínicos serão realizados em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e com o Hospital do Rim e Hipertensão, ambos em São Paulo. Os estudos terão 3 fases – a primeira terá alguns pacientes selecionados para o teste; a segunda visa determinar a quantidade precisa de soro para viabilizar o tratamento; e a terceira pretende analisar a eficácia da dose. Feita essa análise, a pergunta que fica é como o soro anti-Covid do Instituto Butantan funciona. Para tal, é interessante mostrar também como ele foi produzido: os pesquisadores injetam vírus inativados, ou seja, incapazes de gerar a doença, em cavalos — estudos mostram que esses animais possuem uma carga de anticorpos muito mais concentrada e forte que a dos humanos. Mesmo inativados, eles possuem a mesma estrutura molecular, o que estimula a produção de anticorpos no organismo dos equinos, como. Feita essa etapa, os cientistas retiram o plasma sanguíneo do animal – lembrando que o plasma constitui cerca de 55% do sangue e é nele que ficam os glóbulos brancos (ligados à resposta imune), vermelhos e as plaquetas — e, por um processo de filtragem, retiram todos os componentes plasmáticos, com exceção dos anticorpos, como o Ian explicou acima. Esses anticorpos são os que constituem o soro anti-Covid, que vai agir diretamente no organismo receptor. Segundo nota oficial do Instituto Butantan acerca do soro anti-Covid: Os pacientes que receberão primeiro o soro anti-Covid serão aqueles com maior probabilidade de desenvolver quadros graves da doença, como pacientes imunossuprimidos, que passaram por transplante recente e outros do grupo de maior risco. Depois, será medida a eficácia do medicamento em pessoas que contraíram o vírus há pouco tempo, para impedir que o quadro da doença se agrave. O soro é feito a partir de um vírus inativado por radiação, em colaboração com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), também da USP, e aplicado em cavalos, que produzem anticorpos do tipo IgG, extraídos do sangue e purificados com uma técnica usada há décadas no Butantan. E você? Já fez o pré-cadastro para vacinação em São Paulo? Fontes: CNN | UOL | G1 | Facebook do Instituto Butantan | Twitter do Instituto Butantan | Site do Instituto Butantan | Canal Butantan