E até então cientistas sabiam que isso acontecia, mas não tinham uma definição exata. Acontece que um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Harvard e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) descobriram como funciona esse processo. O brasileiro Thiago Mattar Cunha trabalhou junto aos laboratórios americanos para realizar novos testes e chegar às mesmas conclusões que os gringos. Ao fazer testes com ratos, viram que o a ligação estava em células produtoras de melanina (que são responsáveis pela cor do cabelo e da pele) e no sistema nervoso simpático, que cuida da reação de fuga do corpo. Quando colocados sob estresse, estes nervos liberam noradrenalina, que é absorvida pelas células-tronco regeneradoras de pigmentos. Causando dor nos (coitados) ratos de laboratório, houve a liberação de adrenalina e cortisol, resultando em aceleração cardíaca e aumento da pressão sanguínea – ou seja, estresse causado por afetarem o sistema nervoso. Isso resultou nos pelos brancos que, de acordo com Bing Zhang (autor principal do estudo), têm “dano permanente” e não podem ter seu pigmento restaurado.
A ciência anti-cabelos brancos
Em testes feitos com ratos sob efeito de anti-hipertensivos, os efeitos foram anulados. Ao comparar os genes do rato testado com outros, pode-se identificar a proteína que danificou as células. Quando a tal proteína (CDK, ou quinase dependente de ciclina) foi reprimida, o tratamento conseguiu prevenir a mudança dos pelos brancos. Agora há a abertura para a ciência: basta explorar a química que cuide da proteína para prevenção dos cabelos brancos. A professora Ya-Cieh Hsu, de Harvard, comenta em entrevista à BBC que as descobertas “não são uma cura para tratamento de cabelos brancos” sendo este o “começo de uma jornada longa em busca de encontrar uma intervenção para as pessoas. Isto também dá uma ideia de como o estresse pode afetar outras partes do nosso corpo”. Vale reforçar que a única saída para cabelos brancos causados por envelhecimento, do ponto de vista da ciência atual, ainda é tingi-los (ou mudar a cor do cabelo com realidade aumentada). Contudo, segundo uma publicação do Medical News Today, comer alimentos ricos em antioxidantes como chá verde, frutas e vegetais são uma forma de reduzir o estresse oxidativo. Deficiências de proteínas também podem ser um agravante, como informa o texto – para resolver essa parte, basta uma ida ao nutricionista! O estudo de Harvard foi enviado em maio de 2019 e somente aceito em dezembro, sendo publicado ontem (22) e pode ser conferido na íntegra via Nature.com (em inglês). Fontes: ScienceDaily, BBC e DW