Tecnologia como aliada no setor da informação esportiva
Quando o Brasil enfrentou a Holanda na Copa do Mundo de 1974, o treinador Zagallo não teve respostas para combater a chamada “Laranja Mecânica”. Adotando o estilo de jogo “Futebol Total”, os holandeses pressionaram a saída de bola da seleção canarinho e dominaram taticamente. Na época, era evidente que a comissão técnica brasileira não tinha conhecimento necessário de scout dos holandeses. Nas entrevistas pré-jogo, Zagallo até chegou a dizer que os adversários jogavam um futebol “feijão com arroz”, algo que não condizia em nada com uma seleção que ajudou a revolucionar o esporte. Hoje em dia, surpresas como a Holanda em 1974 são praticamente impossíveis. Redes quase infinitas de scout e até mesmo videogame como método de ajuda no mapeamento de jogadores e táticas tornam um esporte globalizado em que cada um sabe o ponto fraco do outro. É o caso do beisebol, por exemplo. NA MLB, maior liga de beisebol do mundo, todas as franquias contam com equipes completas que cuidam exclusivamente das estatísticas e da avaliação dos adversários. Além disso, em praticamente qualquer grande liga, o atleta de alta performance conta com relatório completo do seu desempenho durante os treinos ou jogos. É o caso do futebol, e essa realidade já está há tempos no Brasil. Times como Palmeiras e Grêmio já aderiram de vez a análise de dados e contam com profissionais dedicados exclusivamente para isso. Segundo o ex-jogador e hoje diretor da Federação Alemã de Futebol, Oliver Bierhoff, “em 10 minutos, 10 jogadores podem gerar 7 milhões de pontos de dados”, e, para tal, é necessário um grande aparato para processar tudo isso e assim transformar os dados em informações úteis aos atletas.
Internet como porta de entrada para os esportes
O beisebol traz mais um exemplo perfeito aqui. Mais cedo neste ano, Jeff Sulivan, escritor do site Fangraphs, foi contratado pelo Tampa Bay Rays para trabalhar na parte de análise de dados da equipe norte-americana. Sullivan ganhou projeção no mundo esportivo com o seu trabalho como analista no site Fangraphs e muito provavelmente sem a internet ele não conseguiria ter o apelo que o catapultou até ao emprego num time da MLB. Esse é apenas um dos vários exemplos que mostram como a internet é uma porta de entrada para o mundo real dos esportes. No futebol, há também muitos casos assim. Atualmente, não faltam cursos especializantes online para treinadores, gestores e preparadores físicos e muitos mais. A própria CBF realiza cursos de ensino a distância para espalhar o conhecimento do futebol para diversos profissionais da área esportiva.
Utopia virou realidade: competir profissionalmente sem sair de casa
Imaginar um mundo em que o atleta poderia competir profissionalmente no conforto de sua casa era algo simplesmente inimaginável na década de 1980, mas o avanço gradual da internet nos últimos anos fez com que isso deixasse de ser ficção científica. O poker é o maior exemplo de como a tecnologia avançou a um ponto em que é possível competir em casa. Reconhecido oficialmente como o esporte da mente, essa modalidade luta para entrar nas próximas Olimpíadas e vem crescendo a passos largos. A popularidade do poker nos dias atuais só é possível graças ao “boom” ocasionado por esse esporte praticado pela internet. São centenas de sites que disponibilizam poker online e para competir só é necessário um bom computador ou celular e conexão de internet estável. Um exemplo claro de como a tecnologia torna possível o sonho de muitos atletas é o de Ramom Colilas. O competidor de poker espanhol conseguiu seu maior título de carreira no início deste ano, quando venceu um grande torneio nas Bahamas. Colillas garantiu seu lugar no evento por meio do Platinum Pass, credencial oferecida a competidores que se destacam no mundo online. Tanto Colillas quanto milhares de outros competidores profissionais no mundo do poker online conseguem brilhar profissionalmente no mundo online. No Brasil, há exemplos como João Simão, Bruno Volkamnn, Gerado César e vários outros que são verdadeiros craques no poker pela internet.
Futuro tem espaço para outras revoluções tecnológicas no esporte
Ao que tudo indica, ainda há muito espaço para a tecnologia crescer no esporte, principalmente no futebol. Faz pouco tempo, por exemplo, que a primeira divisão do futebol nacional adotou o VAR e as ligas inferiores ainda não contam com isso em totalidade. Entretanto, em relação ao auxílio ao treinamento, o futebol brasileiro começa a andar de mãos dadas à tecnologia. Um recurso adotado e que ajuda os times a terem dados mais precisos dos jogadores é o uso de dispositivos de GPS, que podem fazer um balanço da velocidade dos jogadores, distâncias percorridas, posicionamento, entre outras métricas. Inclusive, a seleção brasileira utilizou essa tecnologia pela primeira vez durante a Copa do Mundo da Rússia. No futebol brasileiro, times como Botafogo, Palmeiras, Sport Recife e São Caetano fecharam parcerias com empresas para fornecerem esses dispositivos. A tecnologia no esporte é um caminho sem volta e os mais saudosistas terão que se adaptar e renovar seus conceitos para entrarem nessa nova realidade do mundo esportivo que segue em imparável evolução.