O que é bitcoin?
Apesar de parecer bem complexa, a definição de bitcoin é bem simples, na verdade. Trata-se de uma criptomoeda descentralizada, uma espécie de dinheiro eletrônico que é usado para fazer transações a partir de blockchain, uma plataforma de serviços financeiros de moeda digital, e criptografia. O bitcoin funciona assim como as outras moedas que conhecemos, tal qual dólar, real e euro, por exemplo. A principal diferença é o seu caráter 100% digital. Sendo assim, tudo o que o indivíduo comprar ou um empresário investe, por exemplo, não é recebido de fato em mãos. Os lucros nessa espécie de dinheiro são reservados em espaços digitais. Diariamente, o bitcoin sofre altas e quedas no seu valor, o que modifica a estratégia de investimento de cada usuário. Existem outras moedas digitais disponíveis, como Ethereum e Helium, mas o bitcoin foi aquele que mais se popularizou no nicho. O tópico mais ‘polêmico’ acerca da moeda é a necessidade de fazer uma espécie de mineração no blockchain para conseguir manter ativo os números que compõem cada bitcoin. Hoje, uma única moeda de bitcoin pode valer mais de R$ 230 mil. Conforme essa prática ganha cada vez mais visibilidades, interessados tentam ir atrás do que parece ser uma oportunidade de ouro.
Como minerar bitcoin?
Com uma definição bem particular, a mineração de bitcoin é um processo de circulação e manutenção da moeda em si no blockchain. Como essa espécie é descentralizada, isto é, necessita de um intermediário para registrar cada transação, existem algumas etapas que uma pessoa que queira se aventurar no processo precisa enfrentar. Este intermediário é conhecido também como o minerador. O minerador de bitcoin é a pessoa que fornece poder computacional para cada bloco registrado no blockchain. A partir de um trabalho automatizado e de grande escala, os valores contidos na rede — que são desconhecidos até serem abertos os blocos — são liberados para o indivíduo. “O processo de mineração é o processo que garante a validação das transações da rede”, diz Roberta Antunes, Chief of Growth da Hashdex, fintech do Rio de Janeiro especializada em ajudar investidores a impulsionar seu dinheiro em ações de bitcoin. Quanto ao processo de fato, primeiro de tudo, o investidor encontrará problemas matemáticos bem sofisticados para resolver ao acessar a plataforma de blockchain. Todo o processo da mineração é demorado, detalhado e custoso. Por isso é mais comum observar grandes empresas ou empresários já bem estabelecidos no mercado desenvolvendo projetos e encabeçando esse tipo de trabalho. Elon Musk, dono da Tesla, é um bom exemplo de atuante na área. Na prática, o processo consiste em completar “blocos” de transações feitas na plataforma de moeda digital. Uma vez ativo no site, o usuário consegue trabalhar na mineração sem gastar dinheiro vivo, porém requer profundo conhecimento técnico para poder executar todos os comandos. As chamadas recompensas de tal mineração são concedidas ao primeiro que resolver os complexos. Por outro lado, a cada quatro anos, seus valores caem pela metade. Há um site chamado Bitcoin Clock (“Relógio Bitcoin”, em tradução) que mostra quanto fica cada reajuste. Com um tempo consolidado de carreira nessa área, Roberta compara o processo de bitcoin como uma ‘corrida’ para descobrir o código-fonte e usa como exemplo explicativo o jogo Sudoku, que necessita de um raciocínio lógico para ser completado. A diferença é quem ganha o dinheiro é aquele que resolver primeiro o problema de do bloco. A especialista complementa dizendo que o mais interessante é que essa rede é dinâmica, já que, para incitar a competitividade e aumentar os resultados, o próprio sistema da moeda digital ajusta a dificuldade do código conforme ele o número de acessos cresce. A média de uma solução de bitcoin é de, em média, seis minutos.
O que é preciso para montar PC de mineração?
Como parte essencial do processo, é necessário entender que há ainda grandes custos para ter um PC resistente, este sendo vital para a mineração de bitcoin. Roberta conta que, no início do fenômeno de mineração, era comum realizar minerações com a capacidade computacional de um celular. Hoje, em especial, quem deseja entrar nesse universo precisa garantir que possua uma potente GPU (Unidade de Processamento Gráfico) ou de um ASIC (abreviação estrangeira para Circuitos Integrados de Aplicação Específica) para conseguir ingressar na mineração. E tudo isso é bem caro, tendo em vista que o prêmio e as ações no mercado também valem muito. Trabalhando no mercado de criptomoedas há quatro anos, Felippe Percigo, educador financeiro e CMO da Liqi Digital Assets, a primeira tokenizadora do Brasil, diz que máquinas específicas e muito potentes são essenciais para a mineração, como a chamada S9 Pro, que custa, em média, US$ 8 a US$ 12 mil. Tais máquinas possuem vida útil de quatro a cinco anos. O especialista afirma que uma montagem profissional de verdade requer o investimento de, pelo menos, US$ 150 mil a US$ 200 mil, tendo em vista que o minerador precisará abrir uma empresa para fazer instalação de máquinas. Isso é feito em um galpão, com uma estrutura pra aguentar energia elétrica (talvez utilizar transformador ou gerador), galpão refrigerado para hospedar os equipamentos, implementar um “túnel do vento” (estrutura com filtros para evitar poeira) e funcionários para monitoramento 24 horas por dia. Não é para qualquer um. Com um simples computador pessoal, é praticamente impossível desenvolver tais ações na plataforma de bitcoin. O usuário precisaria garantir que suas máquinas tenham uma performance de resposta ótima, além de ter em mãos um processador apropriado. A lógica é que a intensa solução de blocos obriga que os investidores tenham máquinas supremas para conseguirem resolvê-los quanto antes. Outro item vital para a mineração de criptomoedas é uma placa-mãe de excelente qualidade. Para se tem uma ideia, é comum que internautas adquiram uma máquina com várias GPUs justamente para otimizar o desempenho dos processos de computação. Às vezes, até quatro slots de placa de vídeo são procurados. Algumas marcas de GPU fazem sucesso no mercado nacional pela sua performance e são exemplos de auxiliadores para a mineração. As melhores placas de vídeo atualmente são as da NVIDIA, dos modelos GeForce RTX 3080 e RTX 3090. Com os impostos do comércio, os preços são bem salgados para os brasileiros. Uma RTX 3080, por exemplo, está custando R$ 11.999,90, na Magazine Luiza, um dos principais e-commerces. Já a RTX 3090, a mais recente do mercado, chega aos R$ 23.493,56, também na Magalu. Notebooks também podem ser utilizados se forem muito potentes. Um exemplo é o modelo Alienware X17 que hoje custa R$ 28.335,12, no Submarino. De qualquer forma, é visível que há um grande gasto em máquinas e estruturas para ingressar no ramo de bitcoin. Existem diversos criadores de conteúdos e profissionais de criptomoedas, principalmente do mercado internacional, que ensinam a montar uma estrutura potente a partir de várias opções de máquinas. Vale lembrar, no entanto, que a realidade brasileira é um pouco diferente das demais nações, e isso se aplica desde a aquisição de uma máquina até a execução do trabalho em massa de mineração.
Energia elétrica, um grande inimigo do minerador de bitcoin
Existem também modelos de placa de vídeo intermediários mais baratos, porém os gastos permanecem altos, até porque a conta de luz está cada vez mais cara no país. No aumento mais recente, a taxa extra de consumo por 100 kWh está custando R$ 14,20. Segundo André Pepitone, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conta média do brasileiro estava na casa dos R$ 60 — isto com uso normal. Com o aumento, subiu para R$ 74,20. No Brasil, supondo que um iniciante do mercado de bitcoin queira investir nos negócios, ele precisará passar mais tempo que o comum em seu setup. As máquinas potentes também puxam mais energia. Consequentemente, a conta de luz pode vir altíssima, com o consumo podendo chegar a cerca de 1.000 kWh. Usando esse dado, um indivíduo gastaria em um mês R$ 14.200. Para ter mais uma noção, uma única máquina S9, citada por Felippe, pode consumir de R$ 1 mil a R$ 2 mil, e um processo como a mineração nunca é feito apenas com um exemplar desses. A mineração de bitcoin é feita em qualquer lugar no mundo. Porém, quem trabalha diretamente com grandes redes ou para grandes empresas sempre vai preferir instalar seus equipamentos em um local onde a energia é mais acessível ao bolso. E isso não é só uma vantagem para o minerador, mas também uma tendência mundial. Roberta usa como exemplo o movimento observado no meio deste ano em que a China proibiu a mineração local. A grande porcentagem de mineradores que havia no país — afinal, a energia lá era custeada pelo próprio governo — se espalhou para outros cantos do globo, como no estado do Texas, nos Estados Unidos, e no leste europeu.
Quanto tempo até ter lucro?
Os lucros de fato aparecem esporadicamente. Muitas vezes apenas uma pessoa trará a solução dos blocos em Hash (espécie de criptografia), o que torna o cenário competitivo e um tanto inacessível. Além disso, existe também um fator de sorte, porque nem sempre que solucionado um tópico no blockchain, garantirá o recebimento do bitcoin. Dessa forma, não há como especificar exatamente um período exato para começar a gerar lucros ao usuário. Felippe afirma que um retorno definitivo pode ocorrer entre 12 e 18 meses, com base na análise de performance das máquinas. Além dessas circunstâncias, há também o fator de variação nos valores diários com base no investimento geral. Todas as soluções de blocos, seus valores e tamanhos pode ser acompanhados ao vivo através de um site chamado TradeBlock. Na plataforma, é possível acessar o número de transações que têm em um bloco, bem como identificar o nome do responsável pelo resgate dele, caso esteja liberado. Como o montante é variável, blocos registrados nesse site podem mostrar que o lucro foi de US$ 17 como também de US$ 500 mil. Não há um limite de resgate. Roberta afirma que quem ganha a maioria do dinheiro dos blocos são justamente aqueles que conseguem montar enormes equipes com máquinas superpotentes. “Hoje, a mineração mudou muito e você tem que fazer investimentos mais pesados […] (O lucro) varia dependendo do preço do bitcoin, varia qual o custo de energia elétrica do minerador”, diz.
Vale a pena minerar bitcoin?
Sem aparato técnico, conhecimento avançado de matemática e agilidade na plataforma, torna-se mais difícil conseguir resultados positivos com o bitcoin. Pensando no Brasil, sobretudo, este é um processo caro, que depende de muita eletricidade. É preciso medir prós e contras para decidir investir na área. Com base em todos os tópicos, é recomendado que seja feita a avaliação de custos e viabilidade de atuação antes de ingressar de fato no mercado de bitcoin. Enquanto há a possibilidade de trazer soluções e lucrar sem a transação de dinheiro vivo de outro tipo de moeda, esse é um cenário bem competitivo que requer muita disposição e noções técnicas de nicho para atingir algum nível de sucesso. A especialista Roberta diz que outro caminho mais viável seria a procura de uma empresa para agenciar investimentos em ações do mercado de bitcoin, como é o caso da Hashdex, que oferece fundos regulados por autoridades que dão exposição a bitcoin. Essa alternativa é mais vantajosa no que diz respeito à segurança de dados e à facilidade no processo como um todo de ganhar dinheiro com os ativos, já que há o contato com gestores profissionais e especializados na área. Já Felippe afirma que vale apostar na mineração das criptomoedas, mas apenas se houver uma operação extremamente profissional, o que consequentemente leva a um investimento cujo custo é extremamente alto. Na Liqi Digital Assets, empresa de atuação, o trabalho realizado é de transformação de ativos em frações digitais, visando a acessibilidade dos tokens, algo que pode ser útil para quem se interessa neste mercado.
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