O nascimento do Sleeping Giants
O Sleeping Giants nasceu em 2016, criado pelo publicitário Matt Rivitz, como uma ferramenta para alertar as empresas de que suas marcas estavam sendo ligadas a sites e empresas de mídia que eram conhecidos por espalharem preconceitos, sexismo e discursos de ódio contra minorias. De acordo com Rivitz, muitas vezes a empresas nem sabem que suas marcas estão sendo anunciadas nesses sites, e isto acontece muito por causa de como funciona a publicidade no ambiente da internet. Ele afirma que, ao contrário do que acontece em outras mídias, na internet as empresas não costumam se preocupar com o conteúdo de onde suas marcas estão sendo anunciadas, e o único fator que as interessa é o número de acessos desses sites — ou seja, a quantidade média de pessoas que verão esses anúncios. O publicitário culpa esse tipo de abordagem principalmente ao Google e ao Facebook, os dois grandes gerenciadores de toda a publicidade que é veiculada na internet. Rivitz afirma que ambas as empresas, se quisessem poderiam garantir que os anunciantes escolham exatamente em que tipo de conteúdo eles gostariam que seus anúncios fossem veiculados, mas preferem não fazer esse trabalho e oferecer apenas números de acesso — uma prática que já matou muitos veículos regionais de qualidade, que possuíam uma base de usuários fiéis mas não acessos suficientes para interessar aos grandes anunciantes. Rivitz resolveu então criar a conta Sleeping Giants como uma forma de reverter esse quadro, utilizando o Twitter para mostrar a essas empresas que elas estavam anunciando seus produtos em sites que defendiam ideias que eram contrárias aos valores dessas empresas, deixando explícito que elas estavam bancando financeiramente veículos que defendiam uma abordagem fanática e sexista.
O sucesso do Sleeping Giants
Apesar de ser um trabalho simples, o Sleeping Giants já teve muito sucesso em sua empreitada, e foi o responsável por acabar praticamente sozinho com a receita de publicidade do Breitbart News (um site de extrema direita dos EUA conhecido por espalhar fake news e defender discursos preconceituosos contra imigrantes, principalmente mexicanos e muçulmanos), que afirmou ter perdido mais de 4000 anunciantes e mais de €8 milhões em receitas com publicidade por causa do trabalho de Rivitz. Outra grande vitória do Sleeping Giants foi contra o ex-apresentador da Fox News, Bill O’Reilly. Quando se tornou público que o apresentador havia pago para “enterrar” cinco denúncias de assédio sexual, o Sleeping Giants iniciou uma campanha perguntando a todos as empresas que anunciavam no The O’Reilly Factor (o programa apresentado por Bill) se elas se sentiam confortáveis em financiar alguém com tantas denúncias de assédio sexual, e tantas empresas abandonaram o programa que a Fox News foi obrigado a cancelá-lo. Isto fez com que o publicitário se tornasse um alvo desses grupos, e até mesmo o filho dele chegou a receber ameaças de morte vindas de membros desses grupos extremistas. Mas, mesmo com as ameaças, Rivitz continuou fazendo seu trabalho, que serviu de inspiração para que outras pessoas também comprassem a mesma briga.
Sleeping Giants no Brasil
Com o sucesso da experiência de Rivitz, a ideia do Sleeping Giants se espalhou organicamente para outros países, e ela hoje já existe em mais de uma dezena deles ao redor do mundo — incluindo o Brasil. De acordo com Rivitz, ele não possui nenhuma influência em qualquer outro perfil senão aquele que foi criado por ele, e todas as diversas células ao redor do mundo são completamente independentes, e a única coisa que as interliga é um inimigo em comum. Aqui no Brasil, a conta do Sleeping Giants é bem nova, e surgiu no início desta semana. Mas, mesmo nesse pouco tempo de existência, a versão brasileira já vem fazendo barulho, acumulando mais de 130 mil seguidores e já conseguiu com que a Dell, o Telecine e o Banco do Brasil afirmassem que retirariam seus anúncios de um site que, pelo menos desde 2018, é famoso por criar fake news. Fonte: Vox, LABS, El País