Recentemente, Ygor Palopoli viralizou no Twitter ao contar que teve sua conta apagada após enviar o backup do WhatsApp para sua conta do Google Drive. O motivo, segundo revisão de robôs do Google, foi que ele havia enviado conteúdo “nocivo” para a nuvem. O mais interessante é que este não é um caso isolado e para ter seu acesso de volta, o usuário pode até precisar acionar a Justiça brasileira. Entenda todos os detalhes agora mesmo.
Robôs estão banindo contas do Google sem aviso prévio
Tecnologias de inteligência artificial podem ser uma boa forma de automatizar processos e resolver problemas, mas vale a pena lembrar que isso não vale para tudo. Usuários do Google Drive relatam há cerca de dois anos que suas contas foram apagadas devido aos robôs que fazem a revisão em tudo caracterizarem fotos e vídeos como conteúdo que não deveria estar armazenado. O grande problema nisso tudo é que o banimento da conta também traz a inacessibilidade a outros serviços da companhia, como Gmail, YouTube, etc. O caso mais recente do qual se tem conhecimento foi do apresentador Ygor Palopoli, que teve sua conta do Google apagada após fazer o envio do backup do WhatsApp para sua conta do Google Drive, incluindo todas as fotos e vídeos que estavam anteriormente salvos apenas em seu smartphone. Duas horas após ter concluído o processo, ele recebeu a informação de que sua conta foi desativada devido a ter “conteúdo nocivo”, dando a entender haviam nudes entre os arquivos enviados. A problemática é que devido a esta revisão ser feita por um robô, não é possível indicar se a foto foi enviada para o usuário com consentimento ou não. A conta será simplesmente apagada por ter “conteúdo indevido”. Em uma rápida pesquisa no Twitter, não é difícil encontrar pessoas que passaram pelo mesmo problema. Após fazerem o envio de suas fotos pessoais para a nuvem do Google, os usuários tiveram sua conta apagada. E ter uma conta deletada significa que o acesso a todos os serviços da empresa também acabou.
Pai teve conta do Google apagada
O caso de Ygor foi o mais recente do qual temos conhecimento, mas não é difícil encontrar pessoas que passaram pelo mesmo problema e acabaram tendo sua conta apagada por conta de erros de robôs. Um dos casos que mais ganharam visibilidade foi o de um pai em 2021. Na ocasião, o homem, que se identificou como Mark, estava preocupado com um inchaço nos testículos de seu filho e entrou em contato com médico para saber como proceder em meio ao problema. Com os EUA e o restante do mundo passando pelo pico da pandemia de COVID-19, ele foi orientado a fotografar o órgão do recém-nascido e enviar isso ao médico para que o melhor medicamento fosse receitado. Ele tirou a foto com seu smartphone com Android e mais tarde, sua esposa passou a foto para a plataforma de telemedicina por meio de seu iPhone. Duas horas após ter tirado a foto, Mark foi informado que sua conta do Google foi apagada devido à foto ter sido enviada para o Drive. E o mais alarmante: ao perceber que a foto de uma criança sem roupa estava salva na conta do pai, o Google acionou a polícia para denunciar um caso de pedofilia. Felizmente, após uma explicação de todo o caso, Mark e sua família conseguiram resolver o problema com a polícia de San Francisco e o pai de 40 anos foi inocentado. Mas ele precisou criar uma nova conta para voltar a usar o Gmail e Google Calendar, assim como precisou trocar de número de telefone devido a usar o serviço Google Fi. O caso foi no mínimo constrangedor, uma vez que Mark chegou a receber um link citando pornografia infantil como um dos casos da conta ter sido desativada. A empresa se pronunciou na época citando que “O material de abuso sexual infantil é abominável e estamos comprometidos em impedir a propagação em nossas plataformas”.
O que a justiça brasileira pode fazer?
A discussão sobre o assunto é bastante ampla. Ainda não há uma lei que fale especificamente sobre o que deve ser feito caso um brasileiro tenha sua conta de rede social apagada de forma indevida, mas é possível entrar com uma ação na justiça para que uma revisão humana seja feita sobre o caso. Em situações de constrangimento, o usuário ainda pode pedir danos morais pelo problema que passou. Criadores de conteúdo também podem pedir reparação de danos materiais ao provarem que estão deixando de ganhar dinheiro devido ao erro dos robôs. Um dos casos de maior sucesso foi o de uma usuária que entrou na justiça contra o Facebook após perder sua conta por motivo indevido em 2020. A mulher, que ganhou a ação por danos morais, passou por três bloqueios: um de três dias, outro de sete e mais um de 30 dias. A rede social alegou na época que ela deixou de seguir os termos e condições de uso ao postar conteúdo de ódio, bullying e ameaças. Mas isso nunca aconteceu de verdade e mesmo assim, ela teve sua conta bloqueada nas três ocasiões. A juíza do 4º Juizado Especial Cível de Brasília condenou o Facebook Brasil a não apenas desbloquear a conta da mulher, mas também pagar uma multa de R$ 3 mil referente ao constrangimento de ter sua conta suspensa de forma indevida. Foi compreendido que o argumento trazido pelo Facebook Brasil não foi suficiente para justificar o bloqueio da conta, já que nenhuma mensagem indevida foi enviada pela dona do perfil. A conta do Facebook foi reativada dias depois e muitas pessoas que tiveram problemas com uma conta do Google apagada estão optando por entrar com uma ação na justiça para reaver o acesso removido pelo robôs. O contato por e-mail é falho e também não tem dado certo para estas pessoas.
O problema para criadores de conteúdo
Quando começam seus canais ou projetos independentes, muitas pessoas usam sua conta de e-mail pessoal do Google para dar os primeiros passos e este acesso já utilizado no dia a dia se torna uma verdadeira ferramenta de trabalho. Mas vale lembrar que se a pessoa conectar seu canal no YouTube ou até mesmo usar o endereço de e-mail para receber e enviar propostas de trabalho, perder esta conta também significa a perda de anos de trabalho. E como a revisão de arquivos do Google Drive não é feita por funcionários humanos, muitas vezes o problema não consegue ser revertido. A tentativa de contato para reativar a conta também é feito por meio de ferramentas automatizadas, o que, basicamente, acaba sendo um “mais do mesmo”: um robô fez a revisão indevida e desativou a conta; agora, outro robô revisa a solicitação e envia a resposta, baseada na primeira decisão (tomada por outro robô). Ou seja: o usuário que teve sua conta banida de forma indevida acaba entrando em um loop e é sempre direcionado para enviar e-mails que jamais serão vistos por “pessoas de verdade”. Para evitar problemas, sempre vale a pena ter tudo separado: uma conta apenas para guardar arquivos pessoais (independente de quais eles sejam) e outra conta apenas para trabalhos. Vale lembrar que os robôs que fazem a revisão nos arquivos enviados para o Google Drive e apesar da exceção de que “os conteúdos podem ser usados caso sejam para fins artísticos, educativos ou científicos”, pode levar muito tempo para provar que nada de errado aconteceu. Muitas vezes, a chance disso dar certo é mínima.
Sempre tenha uma opção de backup
Por mais que o Google seja bastante completo e presente em nossa rotina, sempre vale a pena manter seus arquivos salvos em outros serviços para que caso sua conta seja bloqueada por um erro de robôs, você não perca tudo. Opções como o Onedrive e Outlook não devem ser descartadas para que você não deixe de trabalhar ou não consiga recuperar o que está salvo em apenas uma conta. Falando especificamente sobre nudes, existem muitos aplicativos que escondem as fotos mais pessoais no smartphone, sem a necessidade de enviar isso para serviços de nuvem. O Showmetech já fez uma matéria completa apenas sobre como esconder nudes no Android e iOS, não deixe de conferir. O que acha do caso? Alguma conta sua já foi apagada por armazenar o chamado “conteúdo nocivo”? Diga pra gente nos comentários! Veja também pCloud, uma alternativa ao Google Drive e ao DropBox Fontes: Ygor Palopoli l Android Authority l New York Post l TJDFT