Conforme relata o Engadget, a alegação seria de que Zuckerberg teria aproveitado sua visita a Washington no final do ano passado para expor, pública e privadamente aos membros do governo, suas preocupações sobre a ameaça que os rivais chineses representam. Apesar do TikTok só ter ‘estourado’ mundialmente em 2020, o app já era popular na Ásia antes disso e, segundo o jornal, as preocupações do senado estadunidense com a segurança da rede social só teriam começado após a visita de Zuckerberg. Embora o governo norte-americano já demonstre ter preocupações com a segurança do TikTok – em agosto, Donald Trump assinou duas ordens executivas para banir o TikTok e o WeChat do país, caso ambos não fossem vendidos à empresas dos EUA – há quem reconheça que o alarmismo criado sobre os aplicativos chineses pode ser uma estratégia do Facebook. Para Josh Hawley, senador do partido republicano, o objetivo da empresa seria criar um inimigo externo e, com isso, “aumentar sua própria credibilidade”, mas isso, por si só, não afastaria as ameaças que os aplicativos chineses supostamente representam. Zuckerberg também teria perguntado aos estudantes, “é essa a Internet que queremos?” As acusações contra o conglomerado de Zuckerberg também não param por aí: a reportagem do WSJ ainda afirma que o Facebook vem gastando enormes cifras em lobby (advocacia corporativa, em bom português), e que até instituiu um grupo de advogados chamado “American Edge”, cujo objetivo seria melhorar as interações das empresas de tecnologia com o governo. O TikTok, por sua vez, também acusou a gigante de estar usando a política para destruir um rival. O Engadget ainda ressalta que, em julho, o CEO do TikTok e COO da ByteDance, empresa que controla o aplicativo, publicou uma carta aberta ao Facebook, convidando a empresa para “lançar outra cópia [do TikTok], após a primeira cópia [o app Lasso] ter fracassado rapidamente”. No mesmo documento, o executivo da chinesa ainda teria acusado o Facebook de estar caluniando o TikTok e outros concorrentes da China com a desculpa de ser patriota e com o objetivo de acabar com a existência dessas companhias nos EUA.
Vale do Silício em apuros
Casos como a aquisição do Instagram e do WhatsApp seriam ilustrativos disso, visto que paira sobre essas negociações a suspeita de que o Facebook teria pressionado os donos a venderem suas empresas, insinuando que seria possível destruí-las caso o Facebook lançasse serviços similares. Gostando ou não, foi exatamente o que ocorreu com o Snapchat, que após não acertar sua aquisição pela gigante de Zuckerberg, viu o Instagram “roubar” suas funcionalidades e, consequentemente, toda a sua base de usuários.
Ainda que o Facebook não alimente quaisquer expectativas de que irá comprar o TikTok, principalmente devido ao investimento que tem feito no Instagram, adotando funcionalidades similares às do concorrente, a acusação do jornal chega para aumentar as desconfianças sobre os interesses das gigantes do Vale do Silício e, principalmente, sobre o quão longe elas estão dispostas a ir para defendê-los.
Esse, inclusive, é um assunto que desperta uma disputa de narrativas dentro dos EUA: por um lado, há aqueles que defendem que empresas como o Facebook devem satisfações ao poder público, sobretudo quando agem de forma predatória e ameaçam o livre comércio. Por outro lado, também há quem veja o avanço de empresas chinesas em diversos setores como uma ameaça ao American Way of Life (estilo de vida norte-americano), contra a qual a guerra comercial e os banimentos deflagrados por Trump se legitimam.
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Com informações de: Daily Mail