Muitas pessoas já adquiriram o senso de desconfiança nas redes sociais e em aplicativos de mensagens como por exemplo o famoso WhatsApp, mas nem todo mundo realmente duvida da veracidade de todas as notícias compartilhadas através dessas plataformas. Exatamente por isso se tornou cada vez mais necessário o surgimento de ferramentas que ajudem o usuário a detectar se determinada notícia é de fato verdadeira ou se é apenas mais uma notícia falsa.
A mais nova arma brasileira contra Fake News
O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), lançaram uma nova ferramenta que tem justamente esse intuito: informar se a notícia é falsa ou verdadeira. Ela é baseada no chamado de “machine learning”, que é uma tecnologia que utiliza de inteligência artificial para passar conhecimento a máquina. O professor Thiago Pardo do ICMC é coordenador do projeto e afirmou que ele ainda está na sua fase inicial. Segundo o professor, ela já é capaz de identificar com 90% de precisão as notícias que não ou totalmente verdadeiras ou totalmente falsas. Mas vale o alerta que ela ainda não é 100% eficaz e que muitas pessoas podem utilizar fatos verdadeiros para construir uma notícia falsa, como o desvio de assunto, então é preciso ficar atento a isso também.
Como utilizar a ferramenta?
Atualmente é possível fazer uso dessa nova ferramenta de duas formas: ou através do navegador de internet ou até mesmo direto do WhatsApp. Confira:
Pelo navegador
Primeiro é preciso acessar o site da ferramenta, chamada de FakeCheck. Na própria página ele já ensina como checar uma notícia. É possível copiar e colar o texto de uma notícia para verificar sua veracidade. Segundo o site “O sistema irá processar o texto para identificar características de escrita, como palavras usadas ou classes gramaticais mais frequentes, e utilizar essas características em um modelo de aprendizado de máquina que classificará a notícia em verdadeira ou falsa.” É importante ressaltar que o sistema só funcionará se o texto copiado for completo. Ou seja, apenas títulos ou manchetes pode não funcionar corretamente ou pode acarretar em uma análise incompleta.
Pelo WhatsApp
Para acessar o bot para o WhatsApp basta acessar o link da ferramenta para o aplicativo através do smartphone. Ela já vai abrir para enviar uma mensagem programada, basta enviar. O bot surge como um contato, mas é uma ferramenta de detecção de Fake News direto do aplicativo. No próprio WhatsApp é possível copiar e colar o corpo de uma notícia para ser checada. Para fazer isso basta encaminhar uma notícia para o contato do bot, como seria feito entre usuários mesmo. Ele vai analisar o conteúdo e dizer se a notícia é possivelmente verdadeira ou se pode ser falsa, sempre aconselhando a buscar por fontes confiáveis. Importante: Quando acabar uma consulta, é preciso enviar a palavra “Fake” para reiniciar o bot antes de colar o corpo de outra notícia para ser verificada.
Verificação através de banco de dados
Como já dito, o sistema de verificação das mensagens é feito através da tecnologia de machine learning, uma expressão em inglês que significa “aprendizado da máquina”. Exatamente por isso, ela não é corrigida por nenhum humano, evitando assim qualquer possível viés. Para enviar o conhecimento necessário a essa ferramenta, o grupo de pesquisadores utilizou um vasto banco de dados. Foram cerca de 7,2 mil notícias, metade delas sendo falsas e metade sendo verdadeiras. Dessa forma é possível para o sistema identificar palavras, expressões e conteúdo de uma mensagem e comparar com as notícias já guardadas em seu banco de dados para identificar se ela faz parte do grupo de notícias falsas ou das verdadeiras. Esse banco de dados foi construído com notícias de 2016 a 2018. O grupo informou que cada uma delas foi coletada e analisada com cuidado para que fossem totalmente verdadeiras ou totalmente falsas, sem meio termo. E quem tiver interesse pode até mesmo fazer uma consulta ao banco de dados através do próprio site do FakeCheck. Embora a maioria seja voltada para política, também conta com assuntos como celebridades, ciência e até mesmo religião. A ferramenta também é capaz de checar a gramática do texto. Isso porque muitas pessoas que escrevem notícias falsas geralmente não se preocupam muito com a escolha de palavras e com a estrutura do texto, deixando como pista alguns erros gramaticais, de concordância e até mesmo expressões mal utilizadas. Ou seja, fatores como o tamanho do texto, o tipo do vocabulário empregado, erros de ortografia e até mesmo a quantidade de uso de cada classe gramatical também entram na equação. O projeto está avançando para em breve também ser capaz de analisar imagens, vídeos e áudios.