Contratações aos montes, demissões em massa

Elon Musk, o novo proprietário do Twitter, reduziu o quadro de funcionários da empresa pela metade na semana passada, e o fundador e ex-CEO da companhia Jack Dorsey tomou para si a responsabilidade pelo corte. Ele afirma ter prejudicado os funcionários ao aumentar o tamanho da empresa de forma rápida demais. A Meta, empresa controladora do Facebook e Instagram, também demitiu 11.000 funcionários — cerca de 13% de sua força de trabalho — e Mark Zuckerberg também culpou a expansão exagerada. Em carta escrita aos colaboradores, Zuckerberg afirma: “Tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, isso não aconteceu como eu esperava.” Pelo visto a “Guerra de Talentos” resultou numa super onda de contratações, sem que as empresas enxergassem o impacto a médio e longo prazo. Com a intenção de obter a melhor mão-de-obra, muitos profissionais foram contratados com um pacote de remuneração agressivo e muitos benefícios, que agora estão se provando inviáveis para a sustentabilidade das companhias. Quando as empresas desfrutaram de lucros crescentes com a pandemia, acreditaram que a expansão continuaria e mantiveram os níveis de contratação de pessoal. As empresas do Vale do Silício há muito veem a contratação como mais do que apenas preencher vagas. As Guerras de Talentos, que são vistas até mesmo como ferozes, mostraram que empresas como Google e Meta estavam ganhando os melhores e mais brilhantes profissionais. Equipes recheadas de gênios e um longo reinado no topo das listas dos empregos mais desejados para graduados universitários eram emblemas de crescimento, bolsos cheios e prestígio. E para os funcionários o trabalho se tornou algo que iria além de um emprego — se tornaria até mesmo uma identidade. Agora, essas práticas estão causando uma certa “indigestão” à indústria de tecnologia.

Efeito da pandemia de COVID-19

Mais de 100.000 trabalhadores de tecnologia perderam seus empregos em 2022 de acordo com Layoffs.fyi, um site que rastreia demissões. Os cortes variam de empresas conhecidas de capital aberto, como Meta, Salesforce, Booking.com e Lyft, a startups privadas altamente valorizadas, como o serviço de entrega Gopuff e as plataformas financeiras Chime e Brex. Muitas das demissões ocorreram nas áreas mais experimentais da tecnologia. A empresa de foguetes Astra cortou 16% de sua equipe esta semana, depois de triplicar seu número de funcionários no ano passado. No setor de criptomoedas, que sofreu um colapso este ano, empresas de alto valor incluindo Crypto.com, Blockchain.com, OpenSea e Dapper Labs cortaram centenas de trabalhadores nos últimos meses. Os líderes de tecnologia foram lentos demais para reagir aos sinais de desaceleração econômica que surgiram nos últimos meses, depois que muitas das empresas já vinham contratando há vários anos, disseram analistas de tecnologia. A Meta, cujo valor de mercado ultrapassou US$ 1 trilhão, dobrou sua equipe para 87.314 pessoas nos últimos três anos. Robinhood, o aplicativo de negociação de ações, expandiu sua força de trabalho quase seis vezes entre os anos de 2020 e 2021. Para muitos este é um momento de choque. As vezes que ocorreram a reação de “estamos em uma bolha” na indústria de tecnologia na última década, sempre foram de curta duração, seguidos por um rápido retorno a bons tempos ainda mais rentáveis. Mesmo aqueles que previram que os comportamentos pandêmicos possibilitados por empresas como Zoom, Peloton, Netflix e Shopify diminuiriam agora dizem que subestimaram a extensão. Outros já acreditam que essa desaceleração vai durar mais por causa dos fatores macroeconômicos que a criaram. Nos últimos anos as empresas de tecnologia responderam à enxurrada de dinheiro dos investidores e das bem conhecidas startups, investindo dinheiro em expansão por meio de vendas e marketing, contratações, aquisições e projetos experimentais. O excesso de capital encorajou as empresas a contratar pessoal, fomentando a Guerra de Talentos.

Agora em relação aos trabalhadores

Isso levou a indústria de tecnologia a ganhar uma reputação de inchaço corporativo. Muitas vezes circulavam rumores de trabalhadores altamente remunerados que trabalhavam apenas algumas horas por dia ou faziam malabarismos com vários trabalhos remotos ao mesmo tempo, juntamente com os benefícios que as empresas oferecem, como lavanderia gratuita, massagens e até mesmo chefs de cafeteria. Nas últimas semanas a Meta reduziu os benefícios oferecidos aos funcionários, incluindo o serviço de lavanderia. Em outro tempo os trabalhadores de tecnologia podiam mudar rapidamente de emprego se fossem cortados por causa da infinidade de vagas em aberto, mas de acordo com Eric Rachlin, um empresário que co-fundou a empresa Body Labs, não se sabe se todos nesta onda de demissões serão capazes de fazer isso atualmente. Em meio ao caos feito pelos anúncios de demissões os investidores ainda assim conseguem ver uma oportunidade. Eles são rápidos em apontar que sucessos bem conhecidos da última década — se referindo a empresas como Airbnb, Uber e Dropbox, que foram criadas após a Grande Recessão. Enquanto isso pode haver mais anúncios de demissões — entregues através da forma agora padrão de uma carta do executivo-chefe postada em um blog da empresa. É bom ficar atento! Veja também Elon Musk alerta risco de falência do Twitter a funcionários. Fonte: The New York Times.

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