Ninguém vai julgá-lo se você não souber do que se trata: o eMule é um projeto bastante antigo e, convenhamos, traz um método praticamente obsoleto de compartilhamento de arquivos. Ele é tão antigo que veio antes do compartilhamento via torrent — este mesmo um outro formato há muito abandonado pelas massas da internet. O update não traz nada muito notável para usuários mais casuais, limitando-se a instalar novas medidas de estabilidade do programa e algumas funções mais técnicas. Também há um novo tipo de resposta do programa para tratar de arquivos quebrados ou corrompidos. Em suma, nada que salte aos olhos, mas para quem é um entusiasta da internet “das antigas” (ok, nem tão antiga assim), fica abaixo a listagem completa de mudanças:
Notificações via e-mail (SMTP) agora podem usar transmissão segura e autenticação de usuárioLinks seguros (HTTPS) podem ser usados para baixar arquivos “server.met”, “nodes.dat”, além de filtrarem IPs e identificar linguagem DLLServidores: primeira conexão é buscada de forma ofuscadaPequeno aumento na taxa de reprodução de arquivos pela rede KADImplementação de Windows UPnP passou por mudanças (e requerem testes)Compatibilidade aprimorada para as versões mais atuais de arquivos “mediainfo.dll”Checagens uniformes de limites de transmissão de dadosImportação de partes [de arquivo] para downloads quebrados (manualmente habilitável via “Opções > Avançado” e válida apenas para a sessão atual)
Em outras palavras: o beta do eMule 0.60a deixa os downloads mais estáveis e menos propensos a caírem no meio do processo de baixá-los. Vale citar que essa versão está disponível apenas para computadores equipados com sistema operacional Windows.
Mas o que é o eMule?
Uma década pode não parecer muita coisa quando falamos na nossa idade ou na passagem de tempo pela percepção humana, mas quando o assunto é tecnologia, esse número significa muita coisa. No caso do eMule, “10 anos” é o tempo exato da última atualização pela qual o programa passou — que o trouxe à então atual versão 0.50. Isso, em uma época em que ele já se encontrava em desuso. O eMule foi um projeto de um desenvolvedor independente chamado Hendrik Breitkreuz (que atendia pelo apelido de “Merkur”). Criado em maio de 2002, o programa consistia de uma interface de compartilhamento de arquivo entre dois pontos (de um computador a outro). A isso, dá-se o nome de “P2P” e basicamente pode ser entendido como um arquivo que você baixa, por uma conexão segura, de outro usuário. Ele não foi o primeiro de seu tipo: softwares como Kazaa, eDonkey e afins já usavam essa prática antes dele. Mas foi o eMule que teve seu uso mais difundido, sendo que, em abril de 2010, ele atingiu a marca de 520 milhões de instalações confirmadas. Na época, ele era majoritariamente usado para a pirataria de música, sendo um dos poucos programas que permitia o download de álbuns e discografias inteiras a velocidades razoáveis. Versões piratas de softwares cobiçados da época — como o Adobe Creative Suite (de onde faziam parte o Photoshop, Illustrator e Premiere, entre outros) e o Final Cut (o editor de vídeos do MacOS) — também eram figuras comuns nos arquivos baixados pelo eMule. Pouco tempo depois, o download em torrent viria a se tornar popular, pois permitia baixar várias partes de um arquivo pesado de várias fontes, acelerando ainda mais o processo. Isso perdurou por anos até que o streaming dominasse de vez o mercado, como acontece até hoje. Nisso, o eMule caiu em esquecimento, embora a comunidade ao redor do programa nunca tivesse descansado: embora o software em si estivesse sem atualizações, o fórum oficial traz postagens de 2020, 2019, 2018…mostrando que os fãs ainda são bem ativos na plataforma. Você dificilmente trocará o seu Spotify pelo eMule, convenhamos, mas ainda assim, é um pedaço da parte mais velha da internet que mostra ainda estar vivo. De repente, vale você conhecer um pouco mais sobre como o consumo digital era praticado “quando isso aqui era tudo mato”. Fonte: eMule (fórum oficial)