Ao longo de duas horas de um painel composto por Mark Zuckerbeg, Jérôme Pesenti (vice-presidente da Meta), Joelle Pineau (diretora da Meta AI), Yann LeCun (cientista-chefe de AI do Meta AI) e outros especialistas, podemos observar que as novas tecnologias são baseadas em quatro pilares:
Aprendizagem Auto Supervisionada, um novo método de treinamento para a IA;Inclusão por meio da fala e da tradução;Otimização dos assistentes virtuais, que devem aprender a observar o mundo do ponto de vista de quem acessa o metaverso por meio do óculos de RV;Inovação responsável e código aberto.
A partir disso, o Meta coloca a acessibilidade por meio da linguagem como uma das prioridades ao desenvolver novas tecnologias para um metaverso inclusivo.
Importância da IA para novas experiências no Metaverso
Zuckerberg deu início ao evento falando sobre a importância da IA na hora de construir um ambiente onde as pessoas possam compartilhar, criar e se conectar virtualmente com qualquer pessoa, em qualquer lugar. Nas palavras do CEO, essas vivências devem se aproximar do físico cada vez mais com tecnologias para sensores e a comunicação entre o ser humano e IA, além de novos hardwares e softwares, mas antes disso, é preciso solucionar alguns obstáculos de inclusão. Logo, a prioridade da empresa é desenvolver mecanismos de tradução e linguagem. Como evidenciado por Zuckerberg, os tradutores atuais utilizam um sistema em que o idioma, antes de ser traduzido para a língua desejada, passa pelo inglês para facilitar o processo, o que impacta negativamente na precisão da tradução.
Esforços e recursos da Meta AI
Em seguida, Jérôme Pesenti abordou o ângulo ético e responsável das operações da empresa, já que todo o trabalho está sendo desenvolvido em colaboração com comunidades científicas em código aberto, ou seja, transparência é colocada como uma das palavras-chave na construção do metaverso. A inclusão também ganha destaque quando o vice-presidente enfatiza o metaverso como um lugar onde pessoas de todas as regiões e estilos de vida devem se sentir incluídas, protegidas e respeitadas, tanto como criadores quanto como usuários. Quanto aos recursos em desenvolvimento, a diretora do Meta AI, Joelle Pineau, explicou um pouco mais sobre o significado dos recentes avanços das pesquisas em áreas como aprendizado auto supervisionado, robótica e criatividade, afirmando que as experiências se tornarão ainda mais imersivas no futuro graças a tais tecnologias alimentadas por inteligência artificial.
Visão computacional
Partindo para questões mais técnicas, temos o diretor de pesquisa do Facebook AI Research (FAIR), Piotr Dollar, como porta-voz sobre os modelos em teste com aprendizado profundo e visão computacional. Segundo o especialista, os modelos de IA que operam atualmente são alimentados por imagens anotadas manualmente. Cada vez mais, eles exigem conjuntos de dados progressivamente maiores com níveis crescentes de detalhes de anotação. O problema disso é o trabalho manual aumenta em tamanho e complexidade conforme os conjuntos de dados se expandem, o que é um fator limitante. É aí que o aprendizado autossupervisionado entra como solução, retirando a necessidade por imagens anotadas. Dollar mostra como esse novo treinamento nos modelos de visão computacional está revolucionando a IA.
Tecnologias inclusivas: tradutor universal para o metaverso
A especialista em tecnologias de tradução e cientista pesquisadora do Facebook AI Research Paris, Angela Fan, apresenta ao público, por meio de uma ilustração animada, a importância dos mais novos projetos do Meta: No Language Left Behind e Universal Speech Translator – diante da limitação atual dos recursos de idioma e tradução automática, mesmo com uma tecnologia tão avançada. Mais de 20% da população mundial está excluída do acesso a informações na internet porque não consegue ler em um idioma que funcione para eles. Outra parcela da população encontra dificuldades ao se comunicar pois o inglês sempre é colocado como único idioma disponível em diversas plataformas. Para ir na contramão deste cenário e garantir a inclusão, a pesquisadora explica que esses esforços visam fornecer às pessoas a oportunidade de acessar qualquer coisa na Internet em seu idioma nativo e falar com qualquer pessoa, independentemente de suas preferências de idioma. Logo, o plano é superar esses desafios implantando novas técnicas de aprendizado de máquina em duas áreas. Em No Language Left Behind, objetivo é construir modelos de IA que aprendam a traduzir idiomas usando menos exemplos de treinamento. Já com o Universal Speech Translator, a companhia quer construir um sistema que traduza a fala em tempo real de um idioma para outro sem a necessidade de ter um texto escrito, como é preciso atualmente.
Novos assistentes de voz e caminho para inteligência no nível humano
Após passarmos pelas tecnologias de tradução, chegamos aos assistentes personalizados que entendem as pessoas e permitem que elas controlem o fluxo da conversa. Ou seja, mais recurso inclusivo capaz de facilitar a vida das pessoas e abrir caminho para dispositivos mais inteligentes. O gerente sênior de pesquisa do Meta AI, Alborz Geramifard, falou sobre os desafios que desenvolvedores e engenheiros enfrentam ao tentar construir assistentes úteis à medida que eles devem se adaptar ao metaverso. Logo em seguida, um debate geral sobre a pesquisa de IA e o caminho para a inteligência em nível humano é mediado por Lex Fridman, com participação de grandes nomes da IA – Yann LeCun e Yoshua Bengio. Entre os tópicos, foram colocadas em pauta as pesquisas disponíveis, riscos e principais áreas de desenvolvimento que influenciarão a compreensão e aplicação de sistemas autônomos de IA.
Inteligência Artificial Responsável
Depois dos possíveis caminhos para uma IA otimizada e num nível humano, a gerente de programação do Meta AI, Jacqueline Pan, discorre sobre como a tecnologia é um componente central de nossos sistemas, capaz de realizar diversas tarefas, desde classificar postagens no Feed de notícias até combater discurso de ódio e desinformação. Assim, ela coloca como prioridade com a construção de IA responsável ao ter uma equipe interdisciplinar que apoia tal compromisso. Por conta de tamanha relevância no nosso dia a dia, assim como outras tecnologias emergentes, a IA também levanta algumas preocupações em torno de questões como privacidade, justiça, responsabilidade e transparência. Stevie Bergman é a cientista de pesquisa na equipe de Justiça em IA Responsável que mostrou exemplos tangíveis de como estão acontecendo os desenvolvimentos e testas para ajudar a garantir que os sistemas de aprendizado de máquina (Machine Learning) sejam projetados e usados com total responsabilidade.
Ambiente de inovação para IA
Criar e promover continuamente um ambiente onde a inovação da IA possa prosperar é crucial. Irina Kofman dá uma aula sobre a abordagem do Meta AI para ciência aberta (Open Science) e desenvolvimento de uma força de trabalho de IA mais diversificada. Além da visão interna que mostra a construção de uma equipe transparente em relação ao conhecimento descoberto ao longo das pesquisas, ela também mostra como o externo é impactado a partir das possibilidades de uso da IA cada vez mais avançada. Uma das aplicações citadas que potencializam a IA como ferramenta responsável é na detecção de deepfakes, aqueles vídeos em a voz e movimentações faciais das pessoas são falsas, a fim de criar ou alterar um determinado discurso ou fala. O evento foi finalizado por Mark Zuckerberg e Jérôme Pesenti, que agradeceram e convidaram a audiência para continuar acompanhando os avanços do Meta para criar experiências, mais que imersivas, inclusivas e seguras. E aí, o que você achou dos próximos passos do Meta e Zuckerberg para a construção de um metaverso inclusivo e responsável?
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Acompanhe e confira todas as novidades do Meta aqui no Showmetech, como as luvas de realidade virtual para o metaverso. Fonte: Meta AI