Afinal, o que é um metaverso?
O metaverso trata-se basicamente de um universo virtual 3D onde as pessoas poderão interagir umas com as outras a partir de avatares digitais. Esse mundo será criado a partir de diversas tecnologias, como realidade virtual (RV), realidade aumentada (RA), redes sociais e até mesmo criptomoedas. Para Mark Zuckerberg, CEO da Meta, a tecnologia significará a maior revolução na maneira como interagimos online desde a invenção do smartphone. A ideia é poder interagir com o mundo virtual como se estivéssemos literalmente dentro dele. Em vez de precisar estar em frente a um computador ou celular para se conectar, as pessoas em um metaverso poderão usar dispositivos de RV e RA para mergulharem em todo tipo de ambiente virtual — desde shows, confraternizações com amigos e parentes, até reuniões de trabalho. O termo metaverso foi visto pela primeira vez no livro de ficção científica “Snow Crash”, escrito pelo autor estadunidense Neal Stephenson, no ano de 1992. Nele, as pessoas usam o metaverso para escaparem de uma realidade distópica. Questionado sobre onde surgiu a ideia, Stephenson explica que tudo começou quando ele participava de um projeto de arte que utilizava computação gráfica. Na época, um dos seus questionamentos era de como esse tipo de tecnologia 3D se tornaria popular. A resposta, para ele, era o desenvolvimento de algum tipo de produto em massa que fizesse baixar o preço dos equipamentos, tornando-os onipresentes. Todo o potencial do metaverso e suas inúmeras possibilidades foram possibilitadas graças aos avanços tecnológicos vistos das últimas décadas, como a conexão 5G, que permite uma conectividade melhor, mais consistente e móvel, além de uma maior capacidade de processamento dos dispositivos atuais e um hardware mais robusto como um todo. Os maiores players da tecnologia estão investindo nesse novo mundo, bem como perfis de consumo estão se adaptando. O Showmetech inclusive já preparou uma matéria especial contando sobre como tudo isso deve funcionar no futuro. A seguir, confira os metaversos mais interessantes em desenvolvimento.
Epic Games
O mercado de jogos eletrônicos é, inclusive, um dos que tem muito a ganhar com o novo mundo virtual. Os universos 100% digitais e interativos presentes nos games nos mostram um pouco do que poderemos ter num futuro próximo. A Epic Games, empresa de jogos eletrônicos por trás de grandes títulos como Fortnite e dona da Epic Store, levantou US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos realizada no mês de abril para financiar “sua visão de longo prazo para o metaverso”. A rodada de investimento contou com um aporte estratégico adicional de 200 milhões de dólares da Sony Group Corporation, reforçando o relacionamento da duas empresas e a missão que ambas possuem em avançar o estado da arte em tecnologia, entretenimento e serviços on-line socialmente conectados. O próprio Fortnite já promoveu shows e eventos de marcas dentro de seu mundo digital, como em agosto deste ano, quando a cantora americana Ariana Grande fez apresentações dentro do jogo para milhões de pessoas. Além dela, outros artistas consagrados da música pop já apareceram por lá, como Travis Scott e Steve Aoki. Segundo Tim Sweeney, CEO e fundador da Epic Games, “o segredo do futuro da Epic está naquele tentáculo de seus jogos mais populares que remete às experiências sociais”. Essa impressão é endossada pelo presidente e CEO da Sony Kenichiro Yoshida: “A Epic continua a trazer experiências revolucionárias. Estamos entusiasmados em fortalecer nossa colaboração para trazer novas experiências de entretenimento para pessoas ao redor do mundo”, garante ele. Além das colaborações com a Sony em questões relacionadas à futura realidade virtual móvel, os mais recentes investimentos da Epic em tecnologia de renderização digital apontam suas intenções em seguir firmemente esse caminho. É o caso, por exemplo, do Metahuman Creator, ferramenta Unreal Engine baseada em nuvem para criar avatares hiper-realistas em menos de uma hora. De acordo com Sweeney, a tecnologia necessária para construir o seu metaverso já está disponível, e mais investimentos em computação em nuvem e realidade virtual serão feitas nos próximos meses.
Roblox
A Roblox Corporarion, plataforma global que reúne milhões de pessoas por meio de experiências compartilhadas, é uma outra companhia que está investindo em seu próprio metaverso. Segundo o CEO da companhia, David Baszucki, o espaço “será um lugar onde as pessoas poderão se reunir em milhões de experiências 3D para aprender, trabalhar, jogar, criar e socializar”. Em setembro deste ano, ela lançou um recurso inédito que une o metaverso e lançamentos musicais. Chamada de Roblox Listening Party (Festa da Escuta, em tradução livre), a novidade permitirá que artistas lancem novos álbuns com experiências selecionadas, fazendo com que milhões de fãs possam ouvir suas músicas enquanto saem com seus amigos dentro da plataforma, por exemplo. A cantora norte-americana Poppy foi a primeira a aproveitar a ferramenta dentro da plataforma social para lançar o seu mais novo álbum, Flux, que estreou no dia 24 de setembro. Para esta primeira Listening Party, a música foi integrada em todas as experiências populares, permitindo que os fãs pudessem curtir as novas faixas enquanto decoravam a casa dos seus sonhos em Overlook Bay; dançavam suas canções em RoBeats; assistiam às aulas na Robloxian High School ou exploravam novos mundos em Criaturas de Sonaria. Em outubro, a plataforma também realizou o seu 1º festival de música eletrônica no metaverso, com o “Virtual Electric Daisy Carnival”. Realizado entre os dias 22 e 25 de outubro, o evento contou com apresentações ao vivo de mais de 50 artistas – incluindo Zedd, Alison Wonderland, DJ Snake, Alan Walker, Gryffin, Loud Luxury, Wax Motif, Oliver Heldens, Benny Benassi e Rezz. O evento teve ainda diversos minijogos, permitindo que os fãs corressem pelo mundo para entrar em batalhas de dança com amigos e construíssem sua casa no acampamento do festival.
Microsoft
A partir de 2022, a Microsoft vai permitir que reuniões virtuais através do Teams aconteçam utilizando avatares 3D, criando um universo de bonecos digitais que podem interagir entre si. Batizado de Microsoft Mesh, o recurso permitirá o uso de personagens animados durante as videoconferências quando não quiserem ligar a câmera. E não será preciso colocar fone de ouvido de realidade virtual (VR) para isso. Ainda de acordo com a Microsoft, as empresas vão poder utilizar essa função para criar seu próprio Metaverso, em que seus funcionários podem interagir em um universo virtual. O internauta poderá acessar o Mesh usando um smartphone, óculos VR de terceiros ou o HoloLens (óculos inteligentes de realidade mista da Microsoft). Caso a pessoa não tenha um dispositivo que suporte a exibição de imagens em 3D, ela poderá participar da interação com avatares 2D sem maiores problemas. O avatar será animado usando a voz do usuário, graças à IA (Inteligência Artificial) que a Microsoft está usando. Durante as reuniões, os personagens também poderão levantar as mãos quando a opção for acionada ou animar um emoji ao redor do avatar. “Seja qual for o dispositivo, a tecnologia de realidade mista dará a cada usuário um avatar que proporciona uma sensação de presença, que permite que eles sejam seu eu expressivo quando não querem aparecer na câmera”, revelou a Microsoft. A Microsoft também anunciou o software chamado Dynamics 365 Connected Spaces. Com ele, será possível que os usuários se movimentem e interajam em espaços, como lojas ou fábricas. “Você poderia, por exemplo, experimentar uma loja Best Buy no metaverso” e verificar monitores e dispositivos, disse, Jared Spataro, vice-presidente da Microsoft. “Hoje, quando você pensa em um site, ele não está muito bem conectado à fisicalidade do que vivenciamos”.
NVIDIA
A NVIDIA, uma outra gigante da área de tecnologia, muito conhecida por suas placas gráficas, também terá a sua plataforma virtual de simulação e colaboração online. Chamada de NVIDIA Omniverse, a plataforma possibilita que designers, artistas e revisores trabalhem juntos em tempo real em aplicações de software, em um mundo virtual compartilhado de qualquer lugar. O objetivo da empresa é se tornar a base do metaverso e, para isso, revelou recentemente novas integrações com o software Blender e aplicativos da Adobe. Com isso, a ferramenta de animação 3D de código aberto agora terá suporte para Universal Scene Description (USD), permitindo que os profissionais acessem os pipelines de produção do Omniverse. Atualmente, a plataforma já está sendo usada por profissionais de empresas da ShoP Architects, South Park e Lockheed Martin. No caso de South Park, a série animada de televisão, a ferramenta está sendo explorada de modo a permitir que vários de seus artistas colaborem em cenas e otimizem seu tempo de produção insanamente limitado. Para Jon Peddie, fundador da empresa de pesquisa especializada em tecnologia Jon Peddie Research (JPR), essa nova tecnologia tem o potencial de “transformar quase todos os setores, tornando a inovação realmente colaborativa e criativa possível em um espaço virtual comum pela primeira vez”. O NVIDIA Omniverse Enterprise, que atualmente ainda está sendo avaliada em mais de 500 empresas, está com acesso antecipado. A plataforma estará disponível ainda esse ano por assinatura da rede de parceiros da NVIDIA, incluindo ASUS, BOXX Technologies, Dell Technologies, HP, Lenovo, PNY e Supermicro. Informações sobre preços para Omniverse Enterprise podem ser encontrados no site oficial do serviço.
Meta
Por fim, mas não menos importante, está o Horizon , um aplicativo do Facebook dedicado a explorar as possibilidades da realidade virtual e reimaginar a experiência do home office e da convivência social. A novidade promete ser o primeiro passo da empresa de Mark Zuckerberg em todo esse universo virtual. O Horizon Workrooms, um dos produtos anunciados pela Meta, irá permitir que as pessoas se reúnam para trabalhar na mesma sala virtual, independentemente de onde elas estejam. Ele funciona tanto na realidade virtual quanto na web e foi projetado para melhorar a capacidade das equipes de colaborar, comunicar e se conectar remotamente por meio do poder do VR. Com o Oculus Quest 2, óculos de realidade virtual do Facebook, os ingressantes podem imitar a socialização com a criação de avatares, que representam sua figura na reunião, por exemplo. A ideia de Zuckerberg é trazer a proximidade e o ‘contato’ mais realista também para o meio corporativo. “Trabalhar sem colegas ao seu redor pode ser isolado às vezes, e fazer brainstorming com outras pessoas simplesmente não é o mesmo se você não estiver na mesma sala”, diz comunicado publicado pelo Facebook. Com o Workrooms será possível reunir equipes para um brainstorming, escrever algumas ideias em um quadro branco, trabalhar em algum documento, conviver e socializar ou simplesmente ter conversas melhores que fluem com mais naturalidade. O Facebook tem usado o Workrooms para reuniões internas há cerca de seis meses, de acordo com Zuckerberg. “Esses tipos de experiências, nas quais você pode realmente se sentir presente com outras pessoas, são, em minha opinião, uma maneira muito mais rica de interagir do que os tipos de aplicativos sociais que conseguimos construir em telefones ou computadores”, ressalta. Para um ambiente mais familiar, haverá ainda o Horizon Home, espaço voltado para atividades mais casuais com amigos e parentes. Dentre as possibilidades, está a realização de festas com a presença de amigos. A novidade funcionará da seguinte maneira: ao entrar em uma Oculus Party, com o Oculus Quest 2, os usuários poderão convidar as pessoas para o encontro no ambiente virtual. A festa utilizará os avatares dos usuários e dentro do espaço será possível conversar, assistir vídeos juntos, jogar e utilizar aplicativos.
Decentraland
Decentraland é uma plataforma descentralizada de realidade virtual construída na blockchain do Ethereum que permite aos usuários criar, vivenciar e monetizar seus conteúdos e aplicações. Atualmente, é gerida por uma organização autônoma descentralizada. A plataforma permite a exploração e desenvolvimento, da mesma maneira que acontece em Minecraft, e socialização, como vemos em Second Life, por exemplo. Decentraland é dividido em 90 mil unidades de LAND em forma de token não fungível (NFT). No game, você pode comprar itens usando MANA, a criptomoeda presente neste universo. Nesse mundo 3D é possível ainda comprar e vender terrenos em formato de NFT (tokens não fungíveis), realizar pagamentos e ter uma vida online em um metaverso que imita e muito a realidade.
No final do mês de março de 2022, a plataforma foi palco do Metaverse Fashion Week, o Fashion Week do Metaverso, evento de moda que abordou os principais lançamentos do mundo da moda, misturando a realidade com o virtual. No evento, marcas consagradas como Dolce & Gabanna, Forever 21 e Hugo Boss marcaram presença. O intuito de realizações como essa é popularizar eventos em universos virtuais.
E tem mais
Com a chegada do metaverso, gigantes do mercado oriental também abriram seus olhos para a nova tecnologia. Um claro exemplo desta mudança de cenário é a gigante dos games, a Tencent, que planeia juntar-se a essa tendência com o possível lançamento de um novo estúdio de jogos eletrônicos baseados no metaverso, de acordo com o “South China Morning Post”. Por sua vez, o otimismo da dona da TikTok, a ByteDance, em relação a esta tecnologia teria motivado a aquisição da empresa RV Pico Interactive. A verdade é que mesmo não representando um conceito novo, aparentemente o Metaverso está chegando para ficar. Nos próximos anos, será possível ver uma grande transformação de como as pessoas interagem socialmente pela internet (ou não).
Veja também:
Os maiores players da tecnologia estão investindo nesse novo mundo, bem como perfis de consumo estão se adaptando. Entenda o que é metaverso. Fontes: Reuters, The Conversation.