Aqui, será abordado mais a fundo os satélites em órbita que são artificiais. São eles que viabilizam para o planeta Terra tecnologias como GPS, sinais televisivos e de rádio, acesso à internet, comunicação e muitos outros recursos essenciais para o governo e para a população em geral. Outro exemplo da importância desses satélites em órbita está relacionado ao campo científico, uma vez que lançados, acabam servindo de ferramenta para observação do espaço e consequentemente trazendo novas informações a cada dia. Por um lado, é ótimo esse avanço tecnológico. Por outro, sabemos que há uma disputa intensa entre empresas bilionárias voltadas para o setor de tecnologia e ciência para explorar exclusivamente cada recurso possível do espaço em prol do avanço da internet. Mais da metade dos 4.550 satélites que orbitam a Terra são usados para fins de comunicação, e o número só aumenta. Confira abaixo o gráfico com as principais informações que serão abordadas nesta matéria, incluindo as principais empresas espaciais, quais os satélites em órbita, quantos satélites existem, número de satélites brasileiros, entre outros. A partir da análise da equipe de pesquisa da DEWESoft — empresa especializada em sistemas de aquisição de dados — sobre os dados coletados pelos órgãos UCS Satellite Database, ESRI (Environmental Systems Research Institute) e Space Foundation, criou-se uma lista dos 50 proprietários da maior parte dos satélites em órbita da Terra. Caso esteja curioso, nessa corrida, desde setembro de 2021, é a empresa SpaceX que está na liderança com seu programa de satélites Starlink, sendo 36% dos objetos artificiais em órbita vindos dela, ou seja, mais de um terço do total. Esse domínio tem um nome de sucesso por trás que talvez você conheça: Elon Musk. Ele é dono da empresa SpaceX e tem o objetivo de fornecer acesso à Internet de banda larga de alta velocidade por meio de seu novo empreendimento Starlink. Nessa empreitada, a organização agora também oferece o transporte de satélites de outras empresas para orbitar em seus foguetes pelo preço de US$ 1 milhão (R$ 4.743.148,82 convertidos em reais), o que abriu oportunidades para que ainda mais satélites comerciais fossem lançados.
Qual país tem o maior número de satélites em órbita da Terra?
Para a surpresa de ninguém, os Estados Unidos vencem essa conta. São 2.804 satélites americanos no total, por enquanto, que compõem mais da metade da quantidade de satélites artificiais em órbita. Já em segundo lugar, vem a China com 467; em terceiro, o Reino Unido com 349; em quarto, a Rússia com 168, e em quinto, o Japão com 93 satélites. Nessa lista, o Brasil atualmente ocupa o 16º lugar com 16 satélites em órbita.
Quais são os quatro tipos de órbita em volta da Terra?
Existem quatro tipos de órbitas ao redor da Terra nas quais encontram-se os satélites: low Earth orbit (LEO) — órbita terrestre de baixa altitude —, medium Earth orbit (MEO) — órbita terrestre de média altitude —, highly elliptical orbit (HEO) — órbita elíptica inclinada —, e geosynchronous orbit (GSO)/geostationary orbit (GEO) — órbitas terrestres geossíncrona e geoestacionária. Mais de 3.000 satélites estão na órbita terrestre de baixa altitude (LEO). Nela são encontrados satélites que geralmente são usados para comunicações e sistemas de sensoriamento remoto. Como por exemplo, o Starlink do SpaceX, o telescópio espacial Hubble e a Estação Espacial Internacional (ISS — International Space Station). Já a órbita terrestre geossíncrona/geoestacionária (GSO/GEO) é a segunda camada com mais satélites, totalizando 565 até então. Ela é utilizada para telecomunicação e observação do planeta Terra. Por terem velocidades equivalentes à rotação da Terra e os objetos orbitarem o Equador, a sensação que transparece é que esses satélites possuem uma posição fixa. No caso da órbita terrestre de média altitude (MEO), são 139 satélites ativos para serviços relacionados a sistemas de navegação (GPS, por exemplo). Em relação à órbita elíptica inclinada (HEO), existem 56 satélites usados para comunicação, rádios e sensoriamento remoto. O diferencial dessa camada para as outras é que essa órbita possui um ponto mais próximo da Terra — denominado perigeu, a 1.000 km de distância do planeta — e outro mais distante — chamado apogeu, a 39.000 km de distância. Como comentado, a tendência de satélites em órbita é só aumentar. Inclusive, a empresa SpaceX tem o objetivo de lançar 42.000 satélites ao espaço durante as próximas duas décadas. Caso tenha curiosidade em explorar mais quais os satélites em órbita, visite o site Satellite Map, feito pela ESRI. De forma interativa, ele dispõe de diversos filtros para localizar a informação desejada em volta do planeta Terra. A soma dos satélites segundo o site está em 19.138.
Lixo espacial, poluição atmosférica e outros desafios
É certo que já existe um número enorme de satélites em órbita terrestre de baixa altitude (LEO). Ainda assim, empresas privadas estão montando suas próprias mega constelações com equipamentos individuais para desenvolver redes de internet mais rápidas — assim como a Starlink — e um monitoramento mais elaborado das mudanças climáticas. Em entrevista ao site Live Science, Boley explica: Outra reflexão importante a ser debatida envolve a seguinte lógica: quanto mais satélites em órbita, mais alta é a probabilidade de acontecer colisões e, consequentemente, subir o número de detritos espaciais. De acordo com o Museu de História Natural de Londres, já existem ao menos 128 milhões de pedaços vindo de detritos no LEO, sendo 34.000 com mais de 10 cm. Além das colisões, Aaron Boley pontua que também há possibilidades dos satélites quebrarem por causa da exposição prolongada à intensa radiação ultravioleta. Os detritos espaciais são perigosos e podem causar danos irreparáveis a outros satélites em órbita, assim como atingir naves espaciais. Em junho de 2021, a Estação Espacial Internacional foi atingida por um detrito que danificou um braço robótico. Felizmente, os astronautas conseguiram resolver a situação e as funções das peças não foram danificadas. A contaminação atmosférica Quanto à poluição, de fato, a indústria espacial gera menos carbono que outros setores — como a aviação, por exemplo. De acordo com o The Guardian, em um lançamento, o foguete libera em média 330 toneladas de carbono na atmosfera terrestre. Parece muita coisa, mas se comparado aos voos comerciais de média e longa distância que liberam em torno de 2 a 3 toneladas de carbono por passageiro — lembrando que são dezenas de viagens a todo o tempo —, não tem grande impacto. O real problema é que para lançar os satélites em órbita, é preciso aumentar o lançamento de foguetes. Com isso, segundo o The Guardian, a emissão de carbono nesse setor aumentou 5,6% ao ano. Boley ainda complementa que somado a isso, ao passo que os satélites saem da órbita e retornam para a atmosfera terrestre, uma substância química é liberada. Seu estudo sobre as mega constelações mostra que futuramente esse retorno de satélites pode trazer mais elementos, como o alumínio, para o ar. Ainda não há provas concretas do impacto que isso pode causar, mas fica uma preocupação por parte dos cientistas em relação à camada de ozônio — que já possui buracos. Embora também haja a preocupação com o impacto dos satélites ao entrar em contato com o solo, os equipamentos mais modernos foram projetados para se dividirem em partes menores ao adentrar a atmosfera e entrar menos objetos possíveis. Mesmo assim, a maior parte do lixo espacial em queda acaba caindo na superfície aquática da Terra. Outro tipo de poluição: a luminosa Conforme o aumento de atividades de satélites em órbita vai crescendo, é previsto que futuramente será possível enxergá-los aqui da Terra. Isso porque os equipamentos metalizados podem atuar como espelhos refletores da luz de volta para a superfície — e tal feito pode impactar diretamente na visão do céu noturno. Além da análise de detritos espaciais relacionados aos satélites em órbita, Aaron Boley também realizou um estudo sobre poluição luminosa, coescrito e publicado no banco de dados arXiv em setembro de 2021. A pesquisa diz que, futuramente, até 8% da luz presente no céu durante a noite, na verdade, pode vir de satélites. Ela também relata que lugares próximos a 50º graus de latitude norte e sul — como a Colúmbia Britânica e a Patagônia, por exemplo — podem experienciar de forma pior a poluição luminosa vinda dos satélites do que outros lugares. No futuro, pelo menos uma em 10 “estrelas” no céu na verdade pode ser algum satélite. Isso pode interferir na observação de estrelas em geral e, principalmente, impactar no trabalho de astrônomos profissionais. “Algumas pesquisas astronômicas vão sofrer apenas alguns impactos moderados, mas os efeitos em pesquisas de campo amplo podem ser substanciais“, conclui Boley.
O crescimento de satélites em órbita é negativo?
Não necessariamente. É inegável que o volume de satélites sendo lançados em órbita e os planos para que milhares de outros sejam enviados se transformem em um grande alerta para o crescimento de resíduos espaciais e aumento significativo de poluição. Mas, ao mesmo tempo, é graças a esses dispositivos que setores como comunicação, ciência, redes e mapeamento estão cada vez mais em avanço. Inclusive, Boley pontua: Por ser um mercado cada vez mais em alta com um objeto que se prova essencial para a população, a probabilidade de cessar por completo os lançamentos de satélites em órbita é praticamente nula. Portanto, uma das soluções mais viáveis para equilibrar os ganhos e as possíveis crises climáticas, seria desacelerar as demandas e envios dos objetos espaciais, assim como trabalhar em pesquisas e elaborações de regras globais para a manutenção desse campo sem que resulte em grandes danos futuros. Veja também: Lançamento de satélites será feito via arremesso em breve. Elon Musk enviará humanos para Marte em até 10 anos. Fontes: DEWESoft, Live Science, Satellite Map, The Guardian