Com estreia no dia 23 de maio, Aladdin é o mais recente produto dessa remessa de remakes com um bom diferencial: o longa permanece como musical, sendo a fórmula ideal para encher os corações dos fãs de longa data com nostalgia.
Mesmo Aladdin com nuances diferentes
A premissa dessa versão continua a mesma. O jovem, e desafortunado, Aladdin (Mena Massoud) vive roubando para sobreviver nas ruas do reino de Agrabah. Certo dia, ele conhece a jovem Jasmine (Naomi Scott), que posteriormente é revelada como princesa desse reino. Induzido pelo maléfico feiticeiro Ja’Far (Marwan Kenzari) – que lhe promete riquezas sem fim –, o herói entra na perigosa Caverna dos Tesouros para conseguir a Lâmpada Mágica que guarda o Gênio (Will Smith). Convicto de tentar impressionar Jasmine ostentando inúmeros tesouros, Aladdin usa o poder do Gênio para conseguir tudo o que nunca teve. Por mais que a história principal seja a mesma, há de se dar o devido mérito ao esforço dos roteiristas (John August e Guy Richie) em inserir novos elementos na história. São diferenças sutis, que respeitam a versão original e servem para deixar a obra mais familiar com o momento atual. Uma dessas mudanças está na própria Jasmine, que na animação de 1992 queria se casar por amor e não forçada. Dessa vez, ela quer ser a Sultana de Agrabah sem precisar ter um marido ao seu lado, algo que por lei é proibido. A personagem também faz questão de se impor a todo momento enquanto alguns homens da história tentam provar que a atitude da moça está errada. O Sultão (Navid Negahban), e pai de Jasmine, deixa de ser um senhor caricato e atrapalhado. Agora ele é mais contido e coerente com sua posição de líder. Uma decisão esperta, pois uma personalidade muito similar ao desenho animado não caberia nessa versão. Outra adição muito bem-vinda é Dalia, a dama de companhia da princesa interpretada por Nasim Pedrad. Ela proporciona momentos bem divertidos junto à Will Smith.
Músicas clássicas e renovadas
Como todo bom e velho filme da Disney, as canções tinham que marcar presença. Sem decepcionar, os novos arranjos para as músicas conhecidas são totalmente nostálgicos. Novos trechos e ritmos foram inseridos, mas sem perder o charme. Quem foi criança nos anos 1990 provavelmente irá sussurrar junto com os atores partes da letra durante a sessão – fiz isso diversas vezes. Com 30 minutos a mais que o desenho animado, era de se esperar que novas músicas fossem produzidas. O destaque fica para Naomi Scott cantando “Speechless” (Ninguém Me Cala, na versão em português) – a atriz que interpretou Kimberly na versão 2017 do filme Power Rangers, possui de longe a melhor voz do elenco. Não dá para deixar de citar também Will Smith, que é o maior atrativo do filme. O ator que já tem talento para comédia desde os tempos de Um Maluco no Pedaço, honrou o papel interpretado originalmente pelo falecido Robin Williams. Sua voz não é uma das melhores para canções, mas isso se torna apenas um detalhe ao ver o carinho com que Smith encarna um personagem tão importante e carismático. Mena Massoud é um ator convincente, mas apesar do esforço não se destaca muito no papel de Aladdin. O Ja’Far contido de Marwan Kenzari é o personagem mais fraco da trama. Enquanto na animação ele se apresentava de forma imponente e pomposa, o live-action aposta em um vilão sério demais e que não se conecta com o espectador.
Agrabah nunca esteve tão colorida
Cores extravagantes, belos figurinos e um reino repleto de vida foram apresentados no novo longa. As roupas são de encher os olhos e remetem aos famosos musicais de Bollywood. No caso do palácio que antes se reduzia a torres com paredes brancas, agora está repleto de detalhes em cada parte. Portas, degraus, colunas, absolutamente tudo possui um relevo ou escultura para se notar. Os efeitos visuais são competentes, mas ficarão datados logo. Dá pra notar que nem tudo recebeu o mesmo capricho. O Gênio é o maior destaque positivo nessa questão. Já a famosa cena do tapete voador ao som de “A Whole New World” ficou bastante artificial. Todos os animais do filme são produzidos em computação gráfica, mas também não deixam muito a artificialidade. Da para citar como exemplo a cena em que o tigre Rajah lambe o rosto de Aladdin. Nem se quer um pouco de “saliva” é colocada no rosto do ator, o que demonstra falta de atenção nos detalhes e atrapalha a imersão.
Novidades no enredo complementam a trama
A mudança mais drástica de roteiro acontece no terceiro ato. Até então tudo foi tão sutil que apenas fornecia singularidade a obra dirigida por Guy Ritchie (que dirigiu Rei Arthur: A Lenda da Espada, de 2017). Só um momento em especial envolvendo a princesa Jasmine e um discurso motivacional não se encaixou muito bem. Mesmo com a nova personalidade da princesa sendo bem-vinda, é importante trabalhar bem o roteiro para que não pareça forçado. Neste caso, infelizmente, pareceu. Lembrando que é apenas um detalhe, nada que tire o mérito do filme como um todo.
Vale a pena?
Por mais que tenha deslizado em alguns momentos, Aladdin é um filme que merece ser visto no cinema e apresentado às gerações mais novas. O sentimento que prevalece foi o de reviver a infância no cinema. Ouvir novamente músicas que trazem tantas lembranças, além de se reconectar com personagens tão queridos, fazem os problemas do longa se tornarem mínimos. Somos uma geração movida pela nostalgia e as empresas criadoras de conteúdo sambem disso. Não é à toa que o próximo filme da Disney, com estreia marcada para 19 de julho, é outro clássico adorado pelos fãs: O Rei Leão. Em breve, a empresa também lançará o serviço de streaming Disney+, que reunirá todas as produções já feitas e materiais inéditos. Pessoalmente acho que atores reais sendo dublados durante as canções atrapalharia minha experiência, por isso optei em ver a versão legendada para esta análise.