O acessório, batizado de Dual Screen, traz o mesmo tamanho, resolução, qualidade do painel e formato do display do G8X ThinQ, o smartphone mais poderoso na LG em 2019 ao lado do G8s ThinQ – que já fizemos review aqui no Showmetech. E por dizer “ao lado”, é que podemos considerá-lo um modelo de respeito, assim como seu irmão, mas com algumas diferenças de design e a possibilidade de ganhar uma segunda tela. Como maior destaque, será que a segunda tela do G8X ThinQ é boa o suficiente para justificar o upgrade? Estivemos com o modelo durante as últimas semanas e o nosso review completo você confere nas próximas linhas.
Construção e design
Assim como os principais smartphones da LG em 2019, o G8X ThinQ tem uma construção bastante robusta mas não deixa a elegância de lado. Pesando 192 gramas, as partes frontal e traseira são feitas em vidro, mas somente a frontal é revestida de Gorilla Glass 6, o que dá mais resistência contra quedas do dia a dia – a traseira ainda permanece no Gorilla Glass 5. Além do vidro reforçado, o G8X ThinQ traz resistência militar MIL-STD 810G, padrões desenvolvidos pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos capazes de certificar aparelhos de telecomunicações. Isso significa que ele passou por rigorosos testes de durabilidade, sendo submetido à temperaturas extremas e choque, para aguentar mais do que outros modelos à adversidades externas. Apesar disso, sempre é bom deixar claro: nada de brincar com a sorte e deixar o smartphone cair diversas vezes em superfícies mais ásperas ou duras – ele não é inquebrável. Para finalizar o conjunto, o G8X ThinQ é à prova d’água e poeira (certificação IP68), ou seja, você pode mergulhá-lo em água doce por até 30 minutos a 1 metro e meio de profundidade sem que ele apresente dano. Alerta: nada de usá-lo em praias e evite ao máximo o contato por muito tempo em água com cloro. Suas laterais são de metal e, olhando de lado, parece ser mais fino do que o G8s ThinQ – apesar de ter 0.4mm a mais de espessura. Ainda assim, a pegada é tão boa quanto, mesmo com apenas uma mão. Saindo da traseira, o sensor de digitais pulou para dentro da tela, o que facilita o desbloqueio com uma mão. Fato curioso sobre o sensor é uma luz que é emitida da tela assim que ele faz o reconhecimento do dedo. Não afeta no desbloqueio do smartphone, é rápido e preciso, aliás, mas é visualmente estranho. Corrigindo a posição estranha do botão Liga/Desliga do G8s ThinQ, o G8X ThinQ posicionou o botão um pouco mais ao centro, o que facilita o toque com uma mão. A LG também manteve o botão dedicado ao Google Assistente, entrada de 3.5mm para fones de ouvido e porta USB-C para carregamento e transferência de dados. Na traseira também houve mudanças: a LG retirou a câmera telefoto do G8X ThinQ e o desnível em relação ao smartphone, mas manteve as câmeras principal e ultra grande-angular.
Telas
A tela do G8X ThinQ aumentou 0.2 polegadas em relação ao seu irmão, passando para 6,4 polegadas e ocupando cerca de 83% de toda área frontal. Ao invés do recorte, ou notch, no estilo iPhone 11, a LG optou por seguir o padrão dos modelos de 2019, em formato de gota, apenas para abrigar a câmera frontal. Na prática, dá mais campo de visualização e não irrita muito. Apesar disso, há uma opção de software que esconde o notch, adicionando uma barra preta na parte superior. A tecnologia do painel é OLED, própria da LG, que, como já é de se esperar, traz cores muito vivas e um preto profundo. Aqui no Showmetech já avaliamos e elogiamos diversas smart TVs da empresa justamente pela tecnologia OLED trazer tanta qualidade nas imagens, e nos smartphones não é diferente. Com resolução Full HD+, assistir filmes, séries, vídeos no YouTube é uma experiência muito boa, ainda mais aliado ao padrão HDR10 que deixa as cores ainda mais saturadas – particularmente, gosto muito. O Always on Display (Tela sempre ligada, em tradução literal)sazq também está presente no G8X ThinQ em todo seu potencial. Com ele você consegue visualizar algumas informações, como data, hora, notificações, com a tela desligada. O diferencial é que somente o essencial é exibido na tela, diferente das telas IPS LCD que acendem todo painel frontal.
Dual Screen
Agora vamos ao que importa: a segunda tela. O Dual Screen funciona como uma capinha de proteção com tampa que oferece duas telas adicionais como brinde. A primeira fica na parte frontal do acessório, com 2,1 polegadas, para mostrar informações mais básicas como notificações, data, hora e nível de bateria. Notei que a qualidade de exibição é não tão boa, deixando alguns detalhes meio que borrados. Mas não chegou a atrapalhar. Já a tela interna da capinha é idêntica à tela principal, inclusive o formato com o notch na parte superior mesmo sem uma câmera frontal. Seu desempenho também é excelente, trazendo cores vivas, brilho intenso e um preto bem profundo. A tela secundária se conecta ao smartphone através da porta USB-C, uma solução interessante que traz um tempo de resposta menor do que se fosse conectado via Bluetooth.
Experiência de uma segunda tela no G8X ThinQ
Teoricamente, promissora. Praticamente, confusa. A LG teve uma ideia brilhante em fazer do Dual Screen mais uma extensão da primeira tela do que uma segunda tela em si. Por exemplo, é interessante ter uma segunda tela guardada na mochila para usar quando quiser trabalhar e ver vídeos ao mesmo tempo, ou jogar usando o Dual Screen como um gamepad. O problema é que não dá para usá-lo como capinha, porque deixa o smartphone MUITO mais pesado e grosso. Outro ponto que é preciso destacar é a adaptação da interface da LG para trabalhar com duas telas. Com exceção de alguns apps próprios da LG e as parcerias com desenvolvedores de jogos, as duas telas não trabalham muito bem juntas. A impressão que fica é que de que há dois smartphones separados compartilhando do mesmo hardware e software, mas que não interagem entre si. A maioria dos aplicativos mais populares, como o Chrome ou YouTube, não são adaptados para multitarefas em ambas as telas, ou seja, não é possível arrastar conteúdos de uma tela para outra, abrir um vídeo sem sair do outro, por exemplo. Para falar que não existe nenhuma sincronia entre as duas telas, você até consegue navegar na internet no modo horizontal aproveitando toda extensão das telas para ler conteúdos, mas há uma grande dobradiça no mesmo que deixa a leitura um tanto quanto estranha. Ainda assim, o Dual Screen pode ser uma excelente pedida principalmente para os gamers. O gamepad virtual é particularmente o melhor recurso. É possível mudar os formatos, personalizar para cada jogo, e o mais interessante é que a latência é drasticamente reduzida, já que a conexão é feita via USB-C e não Bluetooth, ou seja, não haverá quase nenhum atraso entre o seu comando e a ação no jogo.
Câmeras
Teoricamente um downgrade em relação ao G8s ThinQ, o G8X ThinQ é equipado com “apenas” duas câmeras traseiras – e digo “apenas” porque o padrão atual pede três para cima. A principal tem 12MP com abertura de f/1.8, Dual Pixel e OIS, seguida de uma ultra grande-angular de 13MP com abertura um pouco maior, de f/2.4, que captura mais objetos na mesma cena. As duas câmeras possuem suporte ao HDR. Nos cliques, notei uma qualidade muito boa nas fotos com a câmera principal em cenários abertos e iluminação quase perfeita. O pós-processamento é na medida e adiciona mais saturação às imagens, o que particularmente me agrada mais do que o realismo do G8s ThinQ. Mesmo sem uma lente telefoto, o G8X ThinQ faz o famoso modo retrato, mas é via software. O resultado não é dos melhores que já testei, o objeto fotografado não é contornado corretamente. Em ambientes fechados ou com pouca luz, faltou um modo noturno mais inteligente ou algo semelhante ao que a Motorola pôs em seus smartphones intermediários com o Quad Pixel. A abertura f/1.8 até ajuda na entrada de mais luz ao sensor, mas ainda sim possui ruídos perceptíveis e pouca nitidez. A segunda câmera, por sua vez, ultra grande-angular é o que defino como “câmera para caber a família inteira” e só. O ângulo de visão é decente, mas há uma distorções que podem incomodar em fotos de paisagens, além de que durante a noite você vai encontrar muito mais ruído que na câmera principal. Já a câmera frontal tem 32MP com abertura de f/1.9 e HDR. As imagens me surpreenderam, mas também não se destacam em relação aos concorrentes.
Hardware e software
Assim como o G8s ThinQ, o G8X ThinQ é equipado com o processador Snapdragon 855, da Qualcomm, um octa-core com os seguintes clocks: 1×2.84 GHz Kryo 485 & 3×2.42 GHz Kryo 485 & 4×1.78 GHz Kryo 485. Na prática, significa que você vai conseguir rodar tudo com o aparelho sem apresentar engasgos ou travamentos. Ele ainda vem com uma GPU Adreno 640, 6GB de RAM e 126GB de armazenamento, conjunto mais do que suficiente para recursos de multitarefas ou diversos apps e jogos na memória. Seria bem-vindo um aumento na capacidade, mas felizmente há entrada para cartão de memória de até 1TB. A LG também retirou algumas “firulas” do G8s ThinQ, como a função Air Motion. Isso permitiu que a tela tivesse um aproveitamento maior da área frontal, o que é muito mais útil. Já comentamos como o software se comporta com as duas telas, mas vale mencionar que a LG vem melhorando bastante com a interface. Ela tira proveito de um modo noturno eficiente graças à tela OLED, além de trazer Always on Display, ícones mais simples e transições mais suaves.
Bateria
São 4.000mAh de bateria que ficam na média mas também não se destacam. Particularmente, esperava mais por conta da adição de uma tela extra, que tem as mesmas resolução, tamanho e qualidade. Mas a autonomia não foi ruim. Durante um teste de estresse com o brilho no máximo apenas no Wi-Fi, o G8X ThinQ fez, em média, 6 horas de tela ligada. Em outro teste, simulando uma utilização cotidiana, saímos de casa às 7 horas da manhã e chegamos em casa por volta das 21 horas e ainda tínhamos 35% de bateria restante. Vale lembrar que o smartphone tem carregamento rápido, para caso você precise carregá-lo durante o dia. Nesse cenário, recuperamos cerca de 50% de bateria em pouco mais de meia hora, um resultado muito bom.
Som
O sistema de som também é o mesmo do G8s ThinQ: são dois alto-falantes estéreos com tecnologia DTS:X 3D, que oferecem uma sensação de imersão 360 graus tanto com quanto sem fones de ouvido. E por falar em fones, a LG manteve a entrada de 3.5mm. Durante nossos testes, o áudio estéreo é alto e claro, e o par de fones que acompanham o smartphone é bem satisfatório.
Considerações finais
Smartphones com um acessório de tela adicional não são comuns no mercado, e o G8X ThinQ é o único que apresentou uma solução bem pensada. Entretanto, a adaptação da interface UX 9.0 para duas telas é o principal problema que faz a compra ser mais uma escolha de status do que de usabilidade, já que o multitarefas ainda é bastante limitado e as telas não conversam entre si. Particularmente, acharia mais interessante se a LG disponibilizasse o Dual Screen como um acessório à parte do smartphone, em que o usuário poderia escolher se gostaria de uma segunda tela ou não. Como um smartphone premium, o G8X ThinQ repete as mesmas qualidade do seu irmão mais velho, com uma construção robusta e elegante, hardware de respeito e som de alta qualidade. As câmeras ficam atrás da maioria dos topos de linha de 2019, mas também não fazem feio na maioria dos cenários. Entretanto, se você gostou mais do conjunto geral do G8X, mas acha que não faria tanto uso do Dual Screen, infelizmente não há outra forma oficial de comprá-lo separado do Dual Screen, tendo que gastar R$ 5.099 por todo pacote. E você? Nos diga o que achou da solução da LG aos smartphones dobráveis. Você faria muito uso do Dual Screen? Deixe nos comentários!