Design e construção
Seria impossível começar este review sem tecer elogios ao acabamento do NAVE Orbita IA20. O PC conta com o gabinete personalizado GPA1903, que embora seja no formato ATX, possui dimensões mais reduzidas para se tornar um projeto compacto e mais discreto do que a média. Sua construção é extremamente sólida em metal na cor preta e conta com duas belas tampas de vidro temperado com alta reflexão na lateral e na parte frontal. Essa escolha dá um toque premium ao computador, além de deixar mais bonito também o torna um pouco mais pesado. O acesso à tampa lateral deve ser feito retirando os famosos “parafusos de dedão”, mas foi necessário uma chave phillips no processo. O motivo de estar tão bem apertado, creio eu, é para proteger o produto durante o transporte e fazer com que a tampa não fique solta no uso cotidiano. Aliás, abra o PC apenas para limpar ou verificar instabilidades, por exemplo. A tampa, embora seja resistente, ainda é um material delicado e sempre que for parafusada deve ser presa com uma boa rigidez. É importante tocar nesse ponto, pois me parece que a NAVE faz de tudo para você não abrir o computador mais vezes do que precisa. Essa é uma questão muito importante, uma vez que o público a qual se destina um PC gamer pré-montado é aquele que ou não quer ter dor de cabeça na hora de utilizar ou é um pouco mais leigo do que alguém que já entende de montagem. O gabinete também conta com um filtro de poeira na parte superior. Trata-se de uma capa imantada que pode ser facilmente colocada ou retirada nas grades de circulação de ar. Na parte de baixo também há um filtro desse tipo, porém menor, e de uso exclusivo para a fonte. De forma geral, esses filtros e a construção interna e externa do gabinete parecem não concentrar tanta poeira ou impurezas, mas é fácil deixar o vidro com alguns pelinhos ou marcas de dedos. Outro quesito que não há do que reclamar são as ventoinhas, e principalmente, se você gosta de LEDs e muito RGB, o NAVE Orbita IA20 é um festival de cores bem vibrantes. A máquina conta com 4 ventoinhas de 120 mm, com 3 na parte frontal e o já tradicional ventoinha traseira. Há ainda a possibilidade de instalar mais 2 ventiladores no topo, mas é possível que seja necessário remover o cooler principal do processador. No mais, toda a construção do NAVE Orbita IA20 é muito competente e me deixou satisfeito durante o uso. O design apelativo com RGB pode não agradar a todos, mas todo o sistema pode ser desligado com um controlado de luzes. O resultado apagado é igualmente belo.
Hardware
Já falamos demais sobre a parte externa do NAVE Orbita IA20, então chegou o momento de esmiuçar o interior desse monstro. Fazendo a união do nosso sistema, a placa-mãe escolhida foi uma Gigabyte Gaming X Z490M. A mainboard é do formato Micro-ATX, e embora o gabinete tenha espaço para uma placa ATX, acredito que a opção por essa placa foi para manter toda a montagem com uma linha de produtos compactos. O chipset Z490 é referente as placas-mãe mais poderosas da família de processadores Intel de 10ª geração, e embora já estejamos na 11ª geração de CPUs da empresas e o novo chipset topo de linha seja o Z590, os soquetes continuam no padrão LGA 1200, permitindo esse upgrade. O modelo da Gigabyte, especificamente, é excelente em tudo o que se propõe e conta com um leque de conexões bem completo. No total, encontramos 5 entradas USB 3.2, uma entrada USB Tipo-C, conexão DisplayPort, HDMI, cabo Ethernet e algumas conexões de áudio. Falando a respeito de rede, essa mainboard não possui conectividade Wi-Fi, embora haja um folder bem explicativo no site da NAVE, um comprador que uso apenas internet sem fio pode ficar frustrado ao perceber que seu PC não está conectado com a internet. Para resolver esse problema, basta comprar uma placa de rede Wi-Fi externa. No processador temos o Intel Core i7 11700KF de 11ª geração. A CPU representa um dos produtos topo de linha da Intel e chega com 8 núcleos, 16 threads, clock base de 3.6 GHz e turbo de até 5 Ghz. Durante a sessão de testes comentaremos mais sobre esse componente esquentadinho, que entrega bons resultados e algumas altas temperaturas. Para ajudar na refrigeração, um grande cooler com ventoinha foi inserido na máquina para otimizar o fluxo de ar. Nas memórias temos dois pentes de 8GB, totalizando 16GB de RAM DDR4 3200 MHz com heatsink (dissipador de calor) e o famoso RGB. No armazenamento interno vem um SSD M.2 PCIe 3.0 de 256GB, mas há a opção de aumentar esse tamanho para 512GB no site da NAVE. Ademais, nosso modelo de testes foi enviado com um HDD de 1TB, que também custa um adicional de R$ 295 no site. Definitivamente vale a pena o investimento de uma unidade com muito espaço. A fonte fica por conta de um modesto modelo de 550W. Isso acontece pois a estrela do PC, a RTX 3060, requer exatamente essa quantidade de energia para sua alimentação. Preferencialmente, eu escolheria uma fonte de 600W para trabalhar com uma pequena margem de erro, mas isso é apenas a opinião de alguém que gosta de se manter mais confortável. No uso diário e em games não haverão problemas. A RTX 3060 escolhida é a versão Ghost OC da Gainward, com os 12GB de VRAM GDDR6, 192 bit, suporte à técnica de iluminação com Ray Tracing e ao DLSS. A GPU é toda preta e possui metade do backplate em formato de colmeia para a dissipação de calor, enquanto o sistema de arrefecimento principal fica por conta de duas ventoinhas modestas. É importante destacar que o NAVE Orbita IA20 vem com um suporte de placa de vídeo. Embora esse modelo não seja pesado e uma das pontas da placa seja parafusada no gabinete, a outra extremidade fica por conta da gravidade, preso somente ao conector PCIe e “solta” de forma proposital como qualquer GPU. Com o suporte, a RTX 3060 ganha uma base para se apoiar, prevenindo desgaste e uma possível quebra do PCI da placa de vídeo ou do conector da placa-mãe.
Desempenho em games
Já falamos sobre aspectos técnicos por tempo demais e por se tratar de um PC Gamer, queremos ver o que o NAVE Orbita IA20 consegue entregar em termos de performance durante jogos. Em nossa bateria de testes fizemos comparações entre Metro Exodus, Call of Duty: Warzone, Fortnite, Doom Eternal, Resident Evil Village e Control nas resolução Full HD e Quad HD com Ray Tracing e DLSS.
Resident Evil Village
Um dos maiores lançamentos de 2021 até o momento, Resident Evil Village conta com uma boa otimização nos PCs e chega com gráficos bem realistas ao levar os jogadores para vilas e castelos na Romênia. Nos testes, colocamos todas as qualidades na configuração máxima e as margens em Full HD ficaram apertadas. Em 1080p o sistema fez cerca de 62 quadros sem Ray Tracing, enquanto que com a tecnologia ligada as médias caíram para 46 fps. Em Quad HD o cenário foi menos animador, gerando algo próximo da casa dos 30 quadros por segundo. Infelizmente Village não tem recursos como DLSS e ainda não recebeu suporte ao FidelityFx Super Resolution, que chega em breve. O NAVE Orbita IA20 não se saiu mal, mas o ultra do Vilarejo das Sombras é realmente um terror para algumas máquinas.
Doom Eternal
Se as coisas pareciam não estarem boas para o lado do NAVE Orbita IA20, Doom Eternal, um dos shooters mais consagrados e bem otimizados dos últimos anos rodou de forma surpreendente. Em Full HD o game teve um gameplay próximo aos 300 frames na qualidade Nightmare e quando ligamos o Ray Tracing e o DLSS esse desempenho se estabiliza na casa dos 200 fps. Em Quad HD todo o cenário se manteu extremamente estável e acima dos 100 frames. Doom Eternal foi um bom passeio no parque para a máquina, que se destaca bem entre games competitivos.
Control
Em seguida foi a ver de testar Control, game que foi um dos primeiros a popularizar a tecnologia do Ray Tracing e o DLSS. Em 1080p e sem o uso dessas tecnologias, o NAVE Orbita IA20 consegue fazer a média de 80 quadros, enquanto ao ativar a iluminação e o redimensionamento via IA o gameplay desce levemente para os 70 frames. Em Quad HD o cenário certamente cai de rendimento, mas Control é um game bem pesado com todo a quantidade volumosa de efeitos e partículas, mas basta um ajuste em algumas definições para acertar a taxa de quadros.
Call of Duty: Warzone
Warzone é um dos títulos multiplayer mais badalados do momento e foi uma prova de fogo para o NAVE Orbita IA20. Nesses testes não utilizamos o Ray Tracing, uma vez que o game é do cenário competitivo e precisamos de frames. Em Full HD e sem DLSS atingimos uma média de 115 quadros, enquanto ao ativar o modo DLSS Performance/Desempenho o número sobe para 146. Em Quad HD a margem fica estável, mas é sempre mais preferível jogar esse tipo de game em 1080p e baixar a qualidade gráfica para obter ainda mais desempenho.
Metro Exodus Enhanced Edition
Metro Exodus Enhanced Edition é uma versão que utiliza apenas Ray Tracing na composição de sua iluminação global. Em Full HD, este pesado jogo figura na casa dos 68 frames sem DLSS e com RT normal. Já com Ray Tracing no ultra e o DLSS no modo performance a taxa de 88 quadros é alcançada. Já em Quad HD, com Ray Tracing no modo normal a jogatina fica na caso dos 44 fps, enquanto o DLSS sobe para 78 quadros quando ligado.
Fortnite
Encerrando nossa bateria de testes em games, Fortnite rodou apenas em Full HD no nosso monitor, uma vez que o motor gráfico do jogo parece não se adaptado à super resolução dinâmica. Em 1080p com tudo no épico e sem RT ou DLSS o game fica em torno dos 110 frames e quando o Ray Tracing é ligado nem mesmo o DLSS consegue manter a jogatina em 60 quadros.
Veredito
Não há como negar: o NAVE Orbita IA20 é um monstro quando falamos em rodar games. Embora alguns resultados tenham ficado abaixo dos 60 quadros em algumas situações, devemos lembrar que a RTX 3060 é a placa mais “básica” de toda família RTX 3000 da NVIDIA, e os gráficos mostram que esse PC é excelente para rodar games em altíssima qualidade em Full HD e também não faz feio no Quad HD. A situação certamente se complica quando olhamos separadamente para o Ray Tracing, mas precisamos lembrar que essa é uma tecnologia recente e até mesmo as GPUs topo de linha precisam de um empurrão extra. Por esse motivo, jogar com o DLSS ligado, quando disponível no game, elevará a taxa de quadros a níveis absurdos. Além disso, não há problemas em desativar um ou outro filtro do Ultra para a qualidade alta e ganhar uns frames a mais. O único grande empecilho do NAVE Orbita IA20 durante os testes em games e posteriormente nos benchmarks sintéticos foi o aquecimento do i7 11700KF. Na área de trabalho e aplicações leve e/ou medianas, o sistema não passa dos 50 graus. Porém, em games como Warzone chegou a registrar 90 graus, embora sua temperatura média esteja situada entre 80 e 83 graus, padrão para esse processador graças ao seu TDP de 125W. A RTX 3060 se estabilizou na faixa de 68 a 74 graus. Esse aquecimento também provocou algumas alterações no fluxo de ar dentro do gabinete como um todo. As quatro ventoinhas trabalharam mais para dissipar o calor interno e consequentemente gerou mais ruídos. Mesmo com fones de ouvido e o som do jogo, foi possível ouvir o barulho que o computador emitia, parte pelas 4 fans do gabinete, parte pelo CPU cooler e parte pelas ventoinhas da placa de vídeo.
Testes sintéticos
Também realizamos alguns testes sintéticos nos principais softwares disponíveis para estressar o Intel Core i7 11700KF, a RTX 3060 e os demais componentes do sistema do NAVE ORBITA IA20. Nesses benchmarks, quanto maior a quantidade de pontos, maior é o desempenho da placa e da CPU.
3DMARK
O 3DMARK é uma das principais ferramentas para a realização de testes sintéticos e tangenciar a capacidade do NAVE Orbita IA20. O primeiro teste realizado foi o Time Spy, um benchmark que utiliza DirectX12 com funções como multi-adaptação e multi-threading com render na resolução 2560x1440p. Os testes de GPU procuram mensurar a capacidade da placa gráfica em lidar com partículas de sombras, tesselação, iluminação volumétrica etc. O teste de processador demonstra a demanda para processamento de física computacional e outras simulações. O segundo teste é voltado para PCs com placas que suportam traçado de raios, Port Royal, e testa reflexões dinâmicas, oclusão de ambiente, efeitos de pós-processamento, tesselação, profundidade do campo de visão, geração procedural, física etc. O terceiro teste deste software é o Fire Strike Extreme, criado para a testagem de GPUs poderosas com benchmark de tesselação pesada, iluminação volumétrica, simulações de fumaça, iluminação de partículas dinâmicas, física para a CPU e pós-processamento.
PCMARK 10
O PCMARK tem como grande vantagem os testes de aplicações cotidianas, como renderização de imagens vídeos, uso de navegador, reprodução de vídeos, criação de planilhas, videoconferências etc.
Cinebench
Os testes do CINEBENCH servem para colocar o processador e placa de vídeo em carga máxima na renderização de cenários e cenas complexas. Os testes colocam os 8 núcleos do processador, e posteriormente apenas um núcleo principal para renderizar uma cena realista com anti-serrilhado, reflexões, iluminação, sombras e diversos outros efeitos que compõem cerca de 2000 objetos.
Blender
Por fim, o Blender é uma ferramenta de código aberto utilizado para modelagem, animação, texturização, composição e renderização de vídeo. Neste teste utilizamos a demo BMW para render.
Conclusão
O NAVE Orbita IA20 é um excelente PC gamer. Seu desempenho para multitarefas é incrível graças aos processador octa-core e os 16GB de RAM. O armazenamento é super rápido para qualquer tipo de tarefa, o design é certamente luxuoso e a performance em games é suficiente para suportar qualquer lançamento sem grandes esforços e com no máximo algumas alterações aqui ou ali para ganhar mais frames. No entanto, ao passo que reconhecemos a qualidade do produto, precisamos entender se esse computador está muito distante do poder aquisitivo de uma parcela gigante do público gamer brasileiro. Isso não se aplica como uma culpa na conta da NAVE, uma vez que o preço das peças avulsas anda batendo recordes graças a alta do dólar, impostos, pandemia, crise de chips e mineração… Ainda, se colocarmos na ponta do lápis quanto custa para montar esse mesmo PC, com as mesmas peças ou variantes bem parecidas, gastaríamos cerca de R$ 12.000, fora todo o trabalho de procurar a compatibilidade das peças, compras separadas, fretes e toda a dor de cabeça do processo de montagem para iniciantes. O NAVE Orbita IA20 custa R$ 15.561,87 no site oficial da NAVE e não há preocupação com nenhum dos fatores citados. A montagem é ótima, o cable management é bem feito e o transporte é seguro. Porém, esse PC tem um público específico e com um poder aquisitivo bem segmentado para nosso atual momento. O NAVE Orbita IA20 é um item premium na categoria de PCs gamer pré-montados e definitivamente atenderá a todas as demandas de quem se aventurar nessa máquina. O preço é a consequência de um momento conturbado em nossa história, mas a máquina… a máquina é sinônimo de boa qualidade.
Especificações técnicas do NAVE Orbita IA20
Veja também nossa versão em vídeo dessa review, conferindo o visual da máquina e nossos testes com games: