Venha conferir mais detalhes sobre Metal Hellsinger!
Em busca da própria voz
Para quem ainda não está familiarizado, Metal Hellsinger é um jogo desenvolvido pelo estúdio sueco The Outsiders. Eu colocaria as seguintes palavras-chave relacionadas à obra: heavy metal, demônios e um ritmo de proporções diabólicas. Sim, o gênero musical conhecido por sua densidade gerada por guitarras altamente distorcidas é a peça mais importante deste conjunto, pois é ele que vai guiar seus tiros. Jogos de tiro em primeira pessoa e heavy metal possuem um bom histórico de relacionamento – o primeiro Doom, de 1993, já colocava Alice in Chains e Pantera para acelerar a sensação de fluxo dos jogadores. Porém, aqui a música deixa de ser um acréscimo atmosférico ao jogo para ditar o ritmo pelo qual você deve matar inimigos. Antes de falarmos sobre os detalhes da jogabilidade, aqui vai uma breve introdução da história: assumimos o papel de Enigmata, um demônio que teve sua voz roubada antes de ser trancado no nível mais profundo do Inferno. De alguma maneira, estamos sintonizados de forma única com o ritmo natural do cosmos, com capacidade de extrair poder dele. Ao escapar de sua jaula, inicia-se a jornada de vingança contra a Juíza (Red Judge) – o capiroto, belzebu, coisa ruim, tranquera, sete-pele, cramunhão – em outras palavras.
Tiroteio governado pelo som
Como é de se esperar, nosso objetivo é atirar em todo tipo de demônio e diabo que encontramos pela frente, até chegar a hora de derrotar o chefão no final de cada nível. O que difere este dos outros FPS que você tem jogado por aí é que sua audição será um dos sentidos mais importantes para ter um bom desempenho. Uma música de metal, que se inicia tranquila, te acompanha e aumenta em intensidade conforme os acertos. Camadas de plenitude dos instrumentos crescentes em seu ouvido significam maior poder de impacto e, para construir isso, é preciso correr, carregar, atirar e abater inimigos no ritmo da música. Sequências de acertos vão te ajudar a sustentar o multiplicador de ataque, sistema bem parecido ao do Guitar Hero – quanto mais acertos sequenciais, mais pontos. Essa mistura de gêneros já foi implementada em BPM: Bullets Per Minute, mas nada que se iguale ao nível de polimento e intensidade atingido neste título. E não é só o tiroteio governado pelo som. A recarga rápida de uma arma pode ser feita com um segundo toque oportuno na tecla, gerando impacto positivo no multiplicador de ataque. Até mesmo uma esquiva pode ser útil em músicas de compasso 4/4. Caso isso soe técnico, fique tranquilo, deixe seu ouvido e coração te guiar. Em minutos, você estará “batendo cabeça”. Quanto à variedade de armas, acertaram em cheio, pois o game oferece maneiras diferentes de jogar e atacar ao ritmo, mas não demais para sobrecarregar os jogadores em meio a uma quantidade desnecessária de opções. Só não se esqueça de dar uma conferida no modo de calibragem do jogo, que permite a sincronização do som com os toques do seu controle. Assim, os tiros saem no tempo certinho e não tem perigo de você achar que a mecânica não funciona. Pois se ainda não ficou claro, sim, ela funciona e muito bem, pois até mesmo pessoas inexperientes em FPS são capazes de curtirem a ação rítmica. Eu, por exemplo, ainda preciso comer muito arroz e feijão para não repetir dezenas de vezes um mesmo nível, mas quando se pega o jeito, não tem erro. Beira o mágico acertar batidas sucessivas e sentir a música crescer!
Vozes de peso
Cada um dos níveis conta com uma música feita especialmente para ele, com vocais que só começam quando o jogador atinge 8x no multiplicador. Dessa maneira, temos um incentivo extra para manter a batida. Na lista de vocalistas dessas canções, temos nomes ilustres como Randy Blythe, Alissa White-Gluz e Serj Tankian, que entregam performances incríveis. Falando de dublagem, temos apenas duas vozes em ação: Jennifer Hale e Troy Baker, grandes nomes veteranos da indústria de games. Hale é ótima como Red Judge, enquanto Baker é ok como narrador, sem muito destaque. Por vezes, é até entediante ouvi-lo. Queremos a música logo! Bom, como nada é perfeito, cabe uma crítica antes de chegarmos à conclusão. Enquanto temos uma sonoridade impecável, o visual de Hellsinger não é um grande atrativo. Talvez a culpa esteja no marketing do diretor da obra, que a colocou como uma “uma capa de álbum de metal ganhando vida”. São demônios comuns em ambientes pintados em tons de marrom e cinza, ou seja, normal. Os níveis são extremamente genéricos, tendo apenas uma camada do inferno diferente o suficiente para ser lembrado.
Metal Hellsinger vale a pena?
Primeiramente, o jogo atende nossas ambições musicais com a impressionante variedade e qualidade de artistas envolvidos. Como uma pessoa que acha terapêutico ter vocais guturais constantemente em meus ouvidos, posso ser suspeita ao dizer que a matança de demônios no tempo do pedal duplo é revigorante após um dia estressante! Mesmo sendo mais curto do que outros jogos FPS, a profundidade e música do jogo o separam do resto. Recomendamos Metal: Hellsinger principalmente para os fãs de shooters e heavy metal. Não tem gosto refinado a ponto de gostar de metal? Tudo bem, ele merece sua atenção apenas pela adrenalina. O jogo está disponível para PC, PS5, e Xbox X|S (Game Pass). Veja também: REVIEW: abordagem original de Immortality eleva o gênero de filmes interativos