A Devolver Digital disponibilizou ao Showmetech uma cópia digital de The Swords of Ditto: Mormo’s Curse para o Nintendo Switch e, após uma semana intensa de jogatina (e muitas gerações de heróis depois), trazemos uma análise completa do game abordando todos seus detalhes, pontos fortes e desvantagens.
Mais uma aventura começa!
Os fãs da série The Legend of Zelda conhecem a metanarrativa presente em cada jogo da franquia, na qual o herói e o vilão estão presos em uma batalha sem fim que se reinicia. quando ambos renascem nas novas gerações. É partindo dessa premissa que The Swords of Ditto: Mormo’s Curse empresta muito da série popular da Nintendo, mas leva tudo um passo adiante, imaginando como seria se este enredo fosse infundido com elementos do gênero roguelike. The Swords of Ditto: Mormo’s Curse segue a história de “A Espada”, um herói cujo nome, gênero e raça mudam a cada nova interação, mesmo que o “núcleo” do herói permaneça o mesmo. A grande tarefa do herói é livrar a Ilha de Ditto das forças malignas da bruxa Mormo, que deseja subjugar a terra e todos os seus habitantes sob seu domínio cruel e egoísta. Se a Espada for derrotada no clímax do confronto, 100 anos de tristeza e escuridão se seguirão enquanto o povo espera que uma nova Espada se levante, enquanto que se a Espada derrubar Mormo, ela entrará em um sono de 100 anos e se levantará novamente uma vez que ela se rejuvenesce. A história parece bastante simples e clichê no início – e as interações sarcásticas dos personagens fazem questão de lembrá-lo disso – mas quanto mais você joga, mais entende que existe muito mais nos bastidores desse conflito aparentemente simples. No fundo de muitos baús de tesouro que você encontra em suas aventuras, há breves registros em artigos de jornais, conversas e gravações, que lentamente começam a se juntar para formar uma narrativa mais ampla que fornece mais contexto para Ditto e a situação repetitiva em que a ilha se encontra. Tudo se conecta a um deus chamado Fate, uma raça de misteriosas divindades chamadas “Ancient Ones” e uma guerra acontecendo com um império chamado Arcadia, levando a narrativa para um lado mais escuro – contrastando com o visual alegre, colorido e fofo dos lugares do game. Tudo isso se resume em uma reviravolta no final do jogo que se revela surpreendente, fazendo com que as sucessivas gerações de guerreiros que você precisa viver valham o seu tempo.
O(s) herói(s) de Ditto
À medida que você derrota todos os vilões e descobre os segredos da sua aventura, sua Espada gradualmente acumula pontos de experiência e sobe de nível, aumentando seu dano, saúde e Sticker Slots, o último dos quais permite equipar vários adesivos que concedem melhorias e resistências para tornar sua jornada um pouco mais fácil. Com a exceção de um par de encontros com chefões, a maioria dos inimigos não representam um desafio muito grande, mas eles conseguem mantê-lo atento o suficiente para fazer uso de seus itens e rolar bastante para evitar os ataques. A quantidade e variedade de inimigos no game é grande, digna de agradar qualquer herói sedento por aventuras e combates! Cada um requer táticas diferentes para serem derrotados se você quiser escapar ileso. The Swords of Ditto obviamente não eleva no nível de dificuldade Dark Souls com o seu combate, mas a jogabilidade do título é mais desafiadora e envolvente do que o clássico The Legend of Zelda: A Link to the Past, por exemplo. Infelizmente, o design dos puzzles e de masmorras não é tão emocionante, embora eles ainda consigam satisfazer o jogador de várias maneiras. Aqueles que esperam puzzles criativos ficarão desapontados ao saber que a maioria das masmorras são definidas pelos clássicos mecanismos de “iluminar todas as tochas” ou “empurrar os blocos”. Eles não são entediantes. São bem feitos, mas pouco desafiadores. Depois de acordar como um novo herói, você pode tecnicamente correr direto para Mormo e desafiá-la logo de cara (assim como em The Legend of Zelda: Breath of the Wild), mas é altamente recomendável que você aproveite o tempo para explorar o mundo da nova geração e prepare sua espada antes de ir para a morte. O mundo de cada herói é proceduralmente gerado – juntando peças de mapas de todo o mundo e layouts de masmorras da mesma forma – e vem com todos os tipos de monstros, cavernas escondidas e tesouros preciosos para manter o jogador sempre envolvido na aventura. Em cada geração, existem duas masmorras para explorar, contendo poderosos “Brinquedos” que podem ser utilizados tanto no combate quanto na resolução de puzzles. Por fim, há mais duas masmorras, com o objetivo de derrotar os poderosos chefões que guardam as “âncoras” de Mormo e destruí-las, o que a enfraquece consideravelmente quando você a desafia na luta final.
Nem toda jornada é épica
The Swords of Ditto é uma aventura direta e que traz desafios diferentes a cada nova geração, como uma maldição que Mormo pode lançar em que você é constantemente perseguido por um inimigo invencível, além de existirem diferentes áreas do mundo para visitar cada vez, fazendo com que as corridas subsequentes sejam suficientemente frescas e interessantes. No entanto, fica a sensação de que essa fórmula “Rogue-Zelda” é um pouco restritiva, criando uma sensação de que os desenvolvedores deveriam ter se concentrado em ambos os estilos do game. O lado Zelda é paralisado pelos elementos roguelike, como o mundo superior parece muito pequeno e as masmorras procedurais não saem como o planejado, enquanto os elementos roguelike são similarmente limitados pelos elementos de Zelda, já que cada corrida é medida em horas, não minutos, e a randomização não parece muito significativa em diversos momentos. Uma área em que The Swords of Ditto: Morse’s Curse consegue se sobressair positivamente está em sua apresentação, oferecendo visuais nítidos e refrescantes que quase saltam para você da tela. O estilo de arte parece se inspirar em desenhos como Adventure Time, com ambientes coloridos e vivos que têm uma qualidade particularmente fofa. Personagens de olhos arregalados, animações expressivas e mundos maravilhosamente detalhados são comuns, cunhando um estilo visual que lembra um desenho animado em HD. A estética de “brincar” brilha em quase todos os aspectos, especialmente em coisas tão pequenas quanto a aparência do texto na tela, ou os pequenos rabiscos de cachorros-quentes e relâmpagos nas margens do mapa. Combinando todos esses elementos artísticos a uma trilha sonora igualmente brilhante que consegue ocasionalmente surpreender com a sua diversidade, você tem um game que visualmente nunca será cansativo ou entediante. Mesmo que você não se sinta constantemente desafiado, você pode ter certeza que jogará The Swords of Ditto com um sorriso no rosto. No entanto, é importante mencionar que o game apresenta alguns tempos de carregamento especialmente longos. Nada que seja o suficiente para impedir a experiência, mas apenas o suficiente para incomodar o jogador. Entrar e sair de qualquer prédio ou área certamente sempre é seguido por uma longa tela preta enquanto o novo ambiente é carregado. Ser um herói também é ser dotado da virtude da paciência.
Conclusão
Para aqueles que estão procurando algo para preencher o vazio enquanto você espera pelo remake do Link’s Awakening no final deste ano, The Swords of Ditto: Morse’s Curse é uma recomendação sólida, que encontra uma casa perfeita no Nintendo Switch. O game está longe de ser perfeito, mas é uma aventura roguelike encantadora e divertida, e é muito mais do que aparenta na sua superfície. Embora ocasionalmente pareça sofrer ao combinar dois estilos de jogabilidade e os projetos de puzzle serem bastante decepcionantes, The Swords of Ditto: Mormo’s Curse faz um ótimo trabalho no que ele se propõe a apresentar ao jogador.