O Showmetech teve acesso a uma cópia pessoal de Yoshi’s Crafted World para Switch e, depois de boas horas de jogatina, chega com uma análise completa da aventura do dinossauro da Nintendo, avaliando seus pontos positivos e aqueles em que o game poderia melhorar.
Fofura de papel em Yoshi’s Crafted World
Se você começar a nova aventura de Yoshi com um sentimento familiar, não estranhe. Yoshi’s Crafted World foi desenvolvido pela Good-Feel, mesma equipe responsável por Yoshi’s Woolly World. Por esse motivo, muitos podem achar à primeira vista que o game nada mais é do que uma repetição do anterior, trocando a lã por elementos feitos de papel. Mas não é tão simples assim. Yoshi’s Crafted World não é apenas uma mudança visual em relação a última aventura do dinossauro, mas uma explosão de criatividade feita com papel. A Good-Feel fez um excelente trabalho ao se inspirar em artesanato e materiais de reciclagem para construir o mundo pelo qual Yoshi se aventura. Na jornada de Yoshi pelos diferentes estágios do game você vai encontrar de tudo: desde passarelas feitas com papelão, paredes de cartolina e até trem ou aviões feitos com colagens e dobraduras de papel. São tantas formas inovadoras que você descobre de utilizar papel para construir um mundo mágico que vai ser difícil você não se encantar constantemente pelo visual do game. Em termos de história, não espere nada novo em relação às outras aventuras de Yoshi. Em Crafted World, Bowser Jr. e Kamek estão aprontando novamente. Os vilões roubaram as Gems Dream dos Yoshi de uma base de cerâmica chamada Sundream Stone. Agora cabe a você ajudar Yoshi a encontrar as gemas espalhadas pelo mundo e restaurar a harmonia em seu reino de papel. Mais uma vez, como em outros games da franquia, cada nível contém três objetivos principais: coletar 100 moedas, completar o nível com saúde total e encontrar todas as 20 moedas vermelhas escondidas. Quando você completa cada um desses objetivos você irá obter uma Smiley Flower. Se você quiser aproveitar o jogo da forma correta é altamente recomendável você conseguir essas flores, pois elas abrem novos “mundos” para você se aventurar. Um dos diferenciais de Yoshi’s Crafted World fica por conta dos trajes especiais que Yoshi pode utilizar. Enquanto em Woolly World os amiibos desbloqueavam skins diferentes para o dinossauro, agora eles oferecem construções personalizadas (e muito fofas) de papelão que Yoshi carrega consigo, fornecendo proteção extra de acordo com sua “raridade”. Mesmo se você não tiver amiibos, não se preocupe, você pode conseguir alguns trajes em troca de moedas! Mas o game não é apenas passear pelos diferentes mundos jogando ovinhos em Shy Guys ou desdobrando os cenários. O jogo conta com batalhas contra chefões que vão exigir um pouco de atenção e cuidado enquanto eles abusam da criatividade nos combates com diferentes elementos feitos de papel. Os combates são tão divertidos que normalmente você vai derrotar seus inimigos com um sorriso no rosto ao invés de uma expressão de preocupação.
Um baita papelão
Muito da magia e diversão do jogo fica por conta do cenário e de o jogador poder identificar vários objetos domésticos e materiais recicláveis que existem no ambiente. São foguetes de garrafas de plásticos, bambus feitos de correias e até rinocerontes feitos de balão! Tanto na parte estética quanto nas formas como os elementos de papel são utilizados no game, lembra um pouco o estilo dos jogos da série Paper Mario, criando um ambiente simpático, divertido e colorido que deixa um sorriso no rosto do jogador do começo ao fim da jornada. O charme dos cenários e dos objetos criativos presentes em Yoshi’s Crafted World ajuda muito a obscurecer o fato de que, em termos de jogabilidade, não há nenhuma novidade em relação aos games anteriores do dinossauro ou em termos de inovação. Alguns novos elementos se destacam, seja devorando ímãs de ferradura e depositando-os em superfícies de metal para poder escalar ou mesmo utilizar o crânio gigante de Tricerátopo para barrar seu caminho através de obstáculos e inimigos. Mesmo assim, é a estética que faz o trabalho pesado em termos de inventividade. Todos os estágios são modelados lindamente em três dimensões e podem ser temporariamente invertidos, disparando um ovo em nuvens de relógio especiais quando você os encontra, embora eles sejam usados quase exclusivamente para desafios cronometrados. Após completar um nível, um segundo modo se abre, permitindo revisitar os níveis de no modo “flip side”, viajando do final ao início em busca de filhotes do Poochy. Sim, o cachorro mais simpático da Nintendo está de volta em Yoshi’s Crafted World para ajudar o dinossauro em sua aventura. Esse modo com os filhotes de Poochy permite que você aprecie o design de 360° por mais tempo, apesar de não alterar o nível de nenhuma maneira fundamental – você está apenas indo para o outro lado agora. A capacidade de virar o cenário é uma mecânica especial que parece pouco aproveitada no game além de um recurso artístico.
Apenas papéis coloridos
É difícil encontrar algum grande desafio no game, mas mesmo assim a Nintendo incluiu novamente o Modo Mellow para facilitar a vida dos jogadores que buscam a experiência mais simples possível. Nesse modo, Yoshi ganha um conjunto de asas para flutuação ilimitada e reduzindo o dano recebido. Além disso, um modo cooperativo de dois jogadores de fácil acesso também facilita as coisas. Um jogador pode carregar o outro, tornando o par combinado mais poderoso. É uma maneira divertida de passar o tempo, especialmente com crianças ou jogadores inexperientes. Mas o game não pensa apenas em facilitar as coisas para o jogador. Desafios do chefe e outros testes mais difíceis aguardam uma vez que você derrotou o chefe final. Há muito para voltar e encontrar: os habitantes de papelão desse mundo mágico irão solicitar vários colecionáveis para você. Em termos de jogabilidade, Yoshi’s Crafted World promete manter entretido os jogadores que buscam aqueles 100% do game. Tanto em modo portátil quanto na TV, é inegável que a direção de arte do game é fantástica, porém percebe-se que a imagem real do jogo é um pouco mais suave do que os inúmeros detalhes de lã que Woolly World possuía. Apesar disso, não se engane: graficamente Crafted World exige mais do hardware do Nintendo Switch. O jogo foi desenvolvido utilizando a Unreal Engine 4 (algo inusitado para games exclusivos da Nintendo) e quando se percebe alguns leves “serrilhados” nos gráficos e algumas quedas de frames em alguns níveis, fica claro que a equipe se esforçou para fazê-lo rodar no console portátil tão bem quanto gostaria. Certamente além de seu visual, a música é a cereja no topo deste bolo de papel colorido que o game é. As melodias são agradáveis e combinam perfeitamente com cada situação que Yoshi irá enfrentar em sua jornada. Uma pena que após 8 a 9 horas pela campanha do game as canções começam a ficar um pouco repetitivas. Esse é o sentimento que resume bem o jogo inteiro: adorável, mas não tão bom quanto seus predecessores. É uma aventura que vai lhe render algumas horas de diversão, mas infelizmente o game não oferece novidade suficiente para nos fazer sorrir e ficar encantados como em Woolly World.