A revelação foi feita durante um AMA (sigla em inglês para “Ask Me Anything”, que em português pode ser traduzido para “me pergunte qualquer coisa”) realizado no Reddit por uma equipe de programadores da SpaceX, que afirmaram que os softwares usados nos equipamentos da empresa não são muito diferentes de alguns apps comuns em smartphones e computadores, como o Google Chrome e o sistema operacional Android.
SpaceX e o Google Chrome
Um dos programas usados diariamente por milhões de pessoas no mundo todo e que também é usado nas espaçonaves da SpaceX é o Google Chrome. No caso, não o navegador em si, mas sim o Chromium — o programa de código aberto que é usado de base tanto para o Google Chrome quanto para o Microsoft Edge. De acordo com Sofian Hnaide, um dos programadores da SpaceX que estavam respondendo perguntas no Reddit, a empresa utilizou o Chromium para desenvolver toda a interface que os astronautas da Crew Dragon utilizam para controlar os sistemas da nave. Isto quer dizer que a mesma interface baseada em HTML e JavaScript sobre a qual praticamente qualquer site da internet é criado também foi a responsável por garantir que dois astronautas conseguissem chegar com segurança à ISS. Segundo Hnaide, o Chromium foi escolhido para desenvolver toda a interface de telas touch usada nas naves da SpaceX por causa das diversas ferramentas modernas de programação que uma plataforma criada para se desenvolver navegadores de internet já possui, e que tornaram muito mais simples o trabalho dos programadores.
SpaceX e Android
Mas não é apenas a interface com que os astronautas interagem que é bem próxima de um produto do Google, mas o próprio sistema de navegação que a SpaceX usa não apenas na Crew Dragon, mas também em seus satélites Starlink. De acordo com Josh Sulkin, gerente de design de software da Crew Dragon, todo o sistema de navegação dos equipamentos da SpaceX é programado na linguagem C++ e roda em uma versão do Linux própria da empresa, mas que é muito similar ao sistema operacional usado na grande maioria dos celulares do mundo: o Android. Sulkin ainda revela que, para funcionar corretamente, cada satélite Starlink possui centenas de computadores rodando Linux, e que atualmente há 30 mil módulos Linux em órbita, garantindo que os 420 satélites Starlink que foram lançados pela companhia funcionem corretamente.
Atualizações de segurança e criptografia
Outro método comum no dia-a-dia das pessoas que a SpaceX tem usado em suas operações no espaço é a atualização constante do software de seus aparelhos. Segundo Matt Monson, que trabalhou no software dos satélites Starlink, toda semana a empresa envia atualizações para os satélites que estão em órbita. Isto é feito para evitar que uma nova leva de satélites esteja com uma versão de software diferente dos que já estão no espaço, o que poderia atrapalhar a comunicação entre eles. Claro, também há uma grande preocupação com a segurança da comunicação dos satélites, tanto a que acontece entre eles próprios quanto entre os satélites e a Terra. Por isso, todas as mensagens enviadas para e pelos satélites Starlink utilizam criptografia de ponta a ponta — igual a tecnologia usada no WhatsApp — para garantir que, mesmo que alguém consiga interceptar essa comunicação, a mensagem contida nela estará segura. Outra medida de segurança utilizada pela SpaceX é garantir que os satélites Starlink aceitem apenas programas que possuem a assinatura digital da empresa, protegendo-os assim de tentativas de invasão através da instalação de softwares de terceiros. Além disso, a empresa também possui uma equipe dedicada na procura por vulnerabilidades de software e hardware que podem ser usadas para hackear seus equipamentos, a fim de identificar e corrigir esses problemas antes que eles possam ser aproveitados por um hacker. Fonte: Reddit