A tecnologia desenvolvida pela Mirriad funciona em duas etapas. Em um primeiro momento, os algoritmos IA fazem uma leitura completa dos cenários presentes na produção audiovisual para identificar quais são os melhores locais para a inserção de anúncios. Feito isso, o próximo passo é treinar o algoritmo para reconhecer as emoções dos personagens e seguir a continuidade das cenas, fazendo com que as propagandas apareçam de uma maneira mais sutil, automatizada e que tenham relação com o contexto. Além disso, a proposta da Mirriad é criar publicidades personalizadas para cada usuário, com base no histórico de navegação.
Questões legais em torno da inserção de propagandas atuais em filmes antigos
Com a ascensão dos serviços de streaming e dos bloqueadores de anúncios, os anunciantes estão encontrando dificuldades para fechar as receitas com publicidade. Por isso, inserir propagandas atuais em filmes antigos pode ser uma alternativa atraente para os anunciantes recuperarem a perda de receita. Por outro lado, a solução oferecida pela Mirriad esbarra em questões morais, éticas e de direitos autorais. A estratégia de publicidade proposta pela Mirriad é chamada product placement (colocação de produto, em tradução direta) e é uma prática comum na televisão e cinema. Por meio dela, produtos e marcas são incorporados às cenas de uma maneira natural. O product placement acontece quando um personagem segura um iPhone, entra no Starbucks ou pede uma Coca-Cola, por exemplo. Porém, no caso de produções atuais, os anúncios são colocados com a aprovação dos diretores, atrizes, atores e toda a equipe de produção da obra. Mas ao adicionar propagandas atuais em filmes antigos, os anunciantes podem acabar infringindo os direitos de todos os envolvidos. Imagina uma atriz vegana ver um anúncio promovendo o consumo de carne em um produção estrelada por ela. Ou associar marcas envolvidas em escândalos de trabalho análogo à escravidão à imagem de uma produção audiovisual. As duas situações exemplificadas podem gerar problemas jurídicos graves. Além disso, os direitos autorais são colocados em cheque com a tecnologia da Mirriad, já que, para alterar um conteúdo previamente produzido, as agências de publicidade deverão licenciar junto aos proprietários das produções o licenciamento devido e só depois inserir as propagandas atuais em filmes antigos, séries ou programas de TV. O uso da tecnologia baseado em inteligência artificial traz uma série de prós e contras que precisam ser levados em consideração para evitar problemas futuros. Inclusive, a IA já está sendo usada para recriar versões coloridas de vídeos antigos em 4K, sendo uma prática fortemente criticada por historiadores. Fonte: Futurism; Input Mag; BBC; Metro UK