Além disso, o governo de São Paulo divulgou na manhã de ontem (7) os resultados da eficácia da CoronaVac, a vacina contra a COVID-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica Sinovac Biotech. O Instituto Butantan submeteu na manhã desta sexta-feira (8), o pedido de uso emergencial da CoronaVac junto à Anvisa. A partir de agora, a Anvisa tem até 10 dias para analisar o pedido e se manifestar. Não obstante, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai autorizar que clínicas privadas possam adquirir qualquer vacina contra a COVID-19 que for aprovada pela Anvisa. Dessa maneira, as clínicas nacionais poderão comprar vacinas estrangeiras e vender os imunizantes aos clientes que tenham recursos para pagar. Inclusive, representantes da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) foram para a Índia com o intuito de negociar a compra da vacina Covaxin, desenvolvida pela Bharat Biotech. A proposta da ABCVAC é comprar cerca de 5 milhões de doses do imunizante desenvolvido pela farmacêutica indiana.
O que é necessário para uma vacina ser aprovada no Brasil
A aprovação de qualquer vacina em território nacional precisa passar por diversos protocolos exigidos pela Anvisa; estes necessitam, obrigatoriamente, provar a eficácia e segurança do imunizante. Portanto, o processo para uma empresa farmacêutica conseguir o registro para usar uma vacina é muito criterioso e demorado. Mas, por causa da pandemia, a Anvisa decidiu conceder uma autorização emergencial para o uso da vacina contra a COVID-19. Isso significa que as vacinas que forem autorizadas para uso emergencial não podem ser aplicadas em toda a população, apenas em uma parcela, pois os testes clínicos ainda não foram concluídos. Além disso, a autorização emergencial só será concedida para a rede pública de saúde.
Resultados das vacinas contra a COVID-19
Até o momento, a vacina de Oxford e a CoronaVac são os imunizantes com maior probabilidade de conseguir a autorização emergencial da Anvisa. A seguir, confira o desempenho de cada vacina e de outros imunizantes que já possuem resultados divulgados: Pfizer (BNT162b2): a vacina desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e pela alemã BioNtech atingiu 90% de eficácia durante os testes da fase 3. Além disso, um estudo recente desenvolvido por pesquisadores da University of Texas Medical Branch (UTMB) sugere que a vacina contra a COVID-19 da Pfizer/BioNTech pode ser eficaz contra a nova mutação do coronavírus. Moderna (mRNA-1273): Com 94,5% de eficácia na fase 3, a vacina produzida pela farmacêutica norte-americana foi a terceira a obter autorização do Reino Unido, que já aprovou os imunizantes da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca. Sputnik V: a vacina russa produzida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya obteve uma taxa de 92% de eficácia na fase 3 dos testes. Vacina de Oxford (AZD1222): a vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford está na fase 3 de testes clínicos. A vacina inglesa teve 70,4% de eficácia durante a primeira fase dos testes. Além disso, a vacina, se for aprovada, poderá ser produzida pela Fiocruz. CoronaVac: a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech apresentou eficácia de até 78% em pacientes com casos leves de COVID-19 e 100% de eficácia nos casos moderados e graves da doença. Segundo Ricardo Palacios, diretor do Butantan, a vacina vai apresentar “uma eficácia menor em casos mais leves e uma eficácia maior em casos moderados e graves”. Já a eficácia global da CoronaVac registrou uma taxa de 50,38%. A eficácia global indica a capacidade que a vacina tem de proteger todos os casos (leves, moderados ou graves) de COVID-19. A taxa mínima de eficácia global exigida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Anvisa é de 50%. Além disso, o estudo não informa a eficácia da CoronaVac em pacientes assintomáticos.
Cronograma de vacinação no Brasil
O governo federal anunciou no dia 16 de dezembro de 2020 um Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19. A meta do governo é aplicar cerca de 300 milhões de doses da vacina até o próximo ano e tem como foco inicial grupos prioritários, o que engloba profissionais da saúde, idosos e outros. As especificações detalhadas podem ser encontradas no plano de vacinação divulgado pelo governo. Já o governo de São Paulo e o Instituto Butantan precisam esperar a liberação da Anvisa para começar o uso emergencial da CoronaVac. Assim que a Anvisa autorizar o pedido, o estado de São Paulo vai começar a primeira fase da campanha de vacinação no estado. A expectativa do governo estadual é que a vacina contra a COVID-19 seja aplicada em cerca de 9 milhões de pessoas. Inicialmente, a vacinação vai focar nos profissionais de saúde, quilombolas e indígenas. O governo de São Paulo pretende começar a campanha de vacinação ainda no mês de janeiro de 2021 e tem previsão de terminar em março. Segundo o governo estadual, haverá um intervalo de 21 dias entre a aplicação da primeira e segunda dose da CoronaVac. Abaixo, confira o cronograma da campanha de vacinação contra COVID-19 no estado de São Paulo: Primeira dose
Dia 25 de janeiro: Profissionais da saúde, indígenas e quilombolas;Dia 8 de fevereiro: Idosos com 75 anos ou mais;15 de fevereiro: idosos com 70 a 74 anos;22 de fevereiro: Pessoas com idade entre 65 a 69 anos;Dia 1 de março: Pessoas com idade entre 60 a 64 anos.
Segunda dose (após 21 dias da primeira)
Dia 15 de fevereiro: Profissionais da Saúde, indígenas e quilombolas;Dia 1 de março: Idosos com 75 anos ou mais;Dia 08 de março: Idosos com 70 a 74 anos;Dia 15 de março: Idosos com 65 a 69 anos;Dia 22 de março: Pessoas entre 60 e 64 anos.
Quem já teve coronavírus precisa tomar a vacina?
De acordo com diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em um primeiro momento pessoas que já contraíram o Sars-Cov-2 devem ficar de fora da campanha de vacinação. Algumas pesquisas apontam que pessoas que tiveram contato com o coronavírus podem desenvolver uma boa memória imunológica e devem ser capazes de responder melhor em casos de reinfecção. Claro, existem diversos casos de pessoas que foram reinfectadas pelo vírus e tiveram um agravamento no caso. Também não se sabe ao certo por quanto tempo o indivíduo é capaz de manter essa “proteção”. Alguns estudos apontam que a imunidade para o coronavírus pode durar por anos, mas depende de cada organismo. De qualquer maneira, as pessoas que já tiveram a doença podem receber a vacina contra a COVID-19 para aumentar a resposta imune, mas não devem entrar na lista dos grupos prioritários. Como aponta o médico pneumologista e presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) Fred Fernandes, “a oferta inicial da vacina será escassa”, portanto, a prioridade é para pessoas que ainda não foram infectadas pelo coronavírus. Fontes: UOL; CNN; Tua Saúde; G1; Saúde IG; Valor