No intuito de estabelecer um panorama que ressalta como a empresa reagiu à inesperada entrada do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e como ele a forçou a adaptar seu principal negócio, a Uber criou a ocasião para mostrar os novos recursos e como eles se comportam diante do novo cenário.
Uber Eats
A primeira a tomar à frente na apresentação das novidades foi Mariana Esteves, gerente sênior de produtos da Uber Eats, que trouxe algumas informações sobre a Uber Eats, o serviço de entrega de comidas e bebidas da empresa. Segundo ela, a pandemia forçou uma reavaliação de como a Uber conduzia esta plataforma, uma vez que o comportamento do usuário mudou por causa da doença. Com a chegada da pandemia, a Uber Eats estabeleceu algumas ações de cuidado que respeitassem as medidas de prevenção, como opções de entrega sem contato. Expandindo os recursos, porém, a executiva confirmou que essa listagem de cuidados agora poderá ser repassada ao usuário pelo próprio restaurante, no intuito de ampliar a confiabilidade de que aquele estabelecimento está tomando atitudes de prevenção contra a COVID-19. Mais além, a Uber Eats agora vai distribuir materiais de prevenção a acidentes para ciclistas e motociclistas que atuam na entrega de pedidos. O material inclui dicas de paragem e outras medidas de segurança para quem faz o “meio de campo” entre consumidor e restaurante.
U-Ajuda 2.0
Para o negócio principal da Uber — o serviço de transporte privado — o gerente de produto da companhia, Erik Theuer, anunciou a expansão de um recurso já conhecido pelos usuários: o U-Ajuda, originalmente anunciado no mesmo evento em sua edição de 2019, consiste de funções de proteção ao passageiro, como gravação de áudio da corrida e identificação súbita ou longa de paradas repentinas. Agora, no que Theuer chamou de U-Ajuda 2.0, a Uber expandiu a prática de segurança para identificar finalizações de corrida antes do destino estipulado pelo usuário. Demonstrando o recurso, Theuer explicou que a interface do app funciona de forma quase que inteiramente automatizada: ela não depende de uma ativação prévia do usuário, já exibindo um alerta de notificação no smartphone do passageiro, informando do fim antecipado da corrida e questionando-o se tudo correu bem. Na tela, opções de denúncia, relato à empresa e mesmo telefonar para a polícia foram vistos. Segundo Theuer, essa medida não necessariamente implica que algo correu errado: “imagine que você tem um vôo a pegar no aeroporto, mas no meio do caminho ele é cancelado”. Citando que imprevistos acontecem, Theuer mostrou que o recurso está disponível para motoristas e passageiros. As novas atribuições terão validade a partir de outubro, em caráter inicial de testes.
Gravação de áudio
Theuer também aproveitou para demonstrar a função de gravação de áudio durante uma corrida. Disponibilizado desde o segundo semestre de 2019, o recurso permite que motoristas e passageiros gravem em um arquivo de áudio o percurso todo, podendo enviá-lo por meio de um painel de denúncia dentro da interface do aplicativo junto de um relato de algo que tenha saído errado. Novamente, o app funcionou de maneira automatizada: ao identificar que houve o acionamento de uma gravação, uma notificação será enviada por quem a começou, perguntando sobre o desejo de fazer alguma denúncia. Os áudios são isolados entre si, ou seja, o motorista não terá acesso ao áudio do passageiro e vice-versa, além dos arquivos serem criptografados, então nem mesmo a Uber terá acesso ao seu conteúdo antes de qualquer reclamação. O executivo confirmou que este recurso agora se expande para todo o território nacional.
U-Check
Outro recurso de segurança do ano passado que ganhou uma atualização em 2020 foi o U-Check: trata-se da ferramenta da Uber para assegurar a proteção de usuários e motoristas. Em 2019, ela basicamente funcionava pedindo pela documentação e uma selfie do piloto, a fim de comprovar a sua identidade enquanto conduz uma verificação de antecedentes criminais e legalidade do veículo. Para 2020, Erik Theuer, confirmou que essa confirmação será estendida ao passageiro. Caso ele faça o pedido por uma corrida onde vá pagar em dinheiro vivo, o aplicativo pedirá por uma foto do RG ou outro documento que comprove a sua identidade. A medida pode parecer pequena para os passageiros, mas atende uma reclamação constante dos motoristas: ao longo dos anos, vários relatos de “novos clientes” que pagam em dinheiro vivo eram, segundo contaram vítimas, assaltantes que usavam a plataforma para roubar pilotos a serviço da Uber. Com a novidade, a empresa espera coibir esse tipo de ação. A atualização do U-Check será disponibilizada em caráter de teste nas próximas semanas.
Cuidados contra a COVID-19
A diretora geral da Uber no Brasil, Claudia Woods, tomou a frente para detalhar novas medidas para responder ao impacto causado pela COVID-19 em seus negócios. A empresa já havia anunciado, no último dia 1º, que passaria a exigir o uso de máscaras faciais para passageiros — uma extensão do mesmo pedido feito meses antes a motoristas. O evento serviu para oficializar essa exigência e equilibrar eventuais disparidades de cuidados preventivos. A exigência também vem por meio do aplicativo, que pedirá por uma selfie do solicitante vestindo a máscara no ato de requisição por uma nova corrida. Woods também aproveitou para detalhar as diversas parcerias e investimentos da empresa nas práticas de prevenção ao novo coronavírus: segundo a líder da empresa, foram investidos cerca de R$ 50 milhões durante o curso da atual pandemia — número esse que a executiva quebrou em detalhes:
R$ 11 milhões em assistência financeira para parceiros: por causa das medidas de isolamento social estipuladas pelas esferas estatais e municipais do governo, muitos motoristas da Uber se viram impossibilitados de trabalharem. A empresa direcionou fundos para proteção e segurança financeira da baseR$ 8 milhões em reembolso de materiais de proteção: motoristas que decidiram, apesar do isolamento social, continuar trabalhando também contaram com auxílio da Uber, que reembolsou gastos feitos com máscaras de proteção e sanitizantes sanitários (álcool em gel) para que estes fossem oferecidos durante as corridasMais de 60 mil kits de proteção distribuídos gratuitamente para motoristas, incluindo divisórias automotivas para que motorista e passageiros, mesmo em proximidade, conseguissem maior segurança durante as viagensMais de 1,3 mil carros e baús de entrega desinfetados diariamente10 milhões de viagens gratuitas liberadas para locais de interesse público, como hemocentros, entregas de cestas básicas, transporte de profissionais de saúde e pesquisadores de combate ao novo coronavírus, além de membros do Projeto Mães da Favela (uma parceria da empresa com a Central Única de Favelas, a CUFA) e vítimas de violência doméstica
Este último tópico recebeu uma atenção especial, com Claudia Woods ressaltando as inúmeras parcerias da Uber com entidades de proteção à mulher e minorias como o público LGBTQIA+ e vítimas de racismo: segundo ela, foram investidos cerca de R$ 5 milhões, desde 2019, formalizando laços com projetos como o deFEMde (rede feminista de juristas), o lançamento do segundo Podcast de Respeito com a Promundo, e parcerias com o Instituto Patrícia Galvão e o Instituto Igarapé, bem como empresas como Avon e a agência Wieden+Kennedy. Ao todo, Woods afirma, foram atendidas mais de 3,3 mil mulheres vítimas de algum tipo de abuso. A executiva promete que tudo isso , mais as práticas de defesa contra a COVID-19, ainda serão continuadas pela Uber.